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IGREJA
Law é principal líder católico e primeiro cardeal dos EUA a cair por causa de casos de abusos sexuais em sua arquidiocese
Crise causa renúncia do arcebispo de Boston
DA REDAÇÃO
O cardeal Bernard Law, figura
central no pior escândalo que
atingiu a Igreja Católica nos EUA,
renunciou ontem, com a aprovação do Vaticano, ao posto de arcebispo de Boston após meses de
críticas pela forma com que lidou
com os abusos sexuais cometidos
por padres da sua arquidiocese.
Law, 71, é o principal líder católico e o primeiro cardeal norte-americano a cair por causa dos escândalos sexuais que atingiram a
igreja recentemente.
O papa João Paulo 2º, 82, aceitou a renúncia depois de ele ter-se
reunido com Law ontem de manhã. O papa nomeou o bispo Richard Lennon para administrar a
arquidiocese temporariamente.
"Estou profundamente grato ao
Santo Padre por ele ter aceitado
minha renúncia ao posto de arcebispo de Boston", afirmou Law,
em um comunicado divulgado
pelo Vaticano.
"Rezo fervorosamente para que
essa ação possa ajudar a Arquidiocese de Boston a experimentar
a cura, a reconciliação e a unidade
de que tão desesperadamente
precisamos", disse Law.
"A todos aqueles que sofreram
por causa de meus erros, eu peço
desculpas e peço perdão."
Lennon assume o posto em um
momento extremamente delicado. Mais de 400 vítimas estão processando a arquidiocese, e Law
adotou medidas para um pedido
de falência.
A crise em Boston foi agravada
pela admissão por parte de Law
de que ele não havia tomado medidas concretas contra ao menos
um padre acusado de abusos sexuais que depois foi transferido a
outro posto onde teria cometido
novos abusos contra coroinhas.
O papa ficou "profundamente
entristecido" com tudo o que
aconteceu, segundo uma autoridade do Vaticano que não quis se
identificar. Law era um dos conselheiros mais próximos de João
Paulo 2º nos EUA.
Em abril, Law ofereceu sua renúncia em uma reunião com o
papa, mas ele rejeitou a idéia.
Law permanece como cardeal, o
que significa que ele poderia assumir outro posto, além de conservar o direito ao voto numa eleição
papal.
Vítimas de abusos, leigos e até
mesmo alguns padres pediam a
renúncia de Law depois de ele ficar à frente da Arquidiocese de
Boston durante 18 anos.
Chris Coyne, porta-voz da Arquidiocese de Boston, disse que a
renúncia foi "apenas mais um
momento de tristeza por tudo o
que aconteceu na grande tristeza e
na dor que atingiram a arquidiocese, começando com a tragédia
monumental do abuso de crianças por padres e com o fracasso e
as falhas da administração em lidar adequadamente com aqueles
abusos".
Law tinha ficado no Vaticano a
semana inteira, mas longe dos
jornalistas e dos fiéis, alimentando boatos sobre uma renúncia
iminente. O cardeal viajou de
Boston a Roma, sem anúncio prévio, para discutir com autoridades católicas seu futuro e assuntos
relacionados à sua arquidiocese.
Nos últimos dias, novas revelações vieram à tona com a liberação de milhares de páginas dos arquivos da arquidiocese.
Entre os piores casos documentados nos arquivos estão o de um
padre que batia em sua governanta, o de outro que trocava cocaína
por sexo e o de um terceiro padre
que afirmava ser Cristo para convencer adolescentes que se preparavam para virar freiras a manter
relações sexuais com ele.
Vítimas de abusos acusaram
Law de estar mais preocupado
com sua reputação pessoal do que
de lidar honestamente com o escândalo.
O substituto de Law, Lennon,
declarou que estava rezando pelas
vítimas de abusos sexuais e prometeu "trabalhar em prol da cura,
enquanto igreja, e ampliar a missão de Jesus Cristo em nossa comunidade".
"Estou grato pelas boas ações
que Sua Eminência, o cardeal
Law, praticou por nós, como arcebispo, e pela amizade que eu tenho com ele", afirmou Lennon.
"Peço que rezemos por ele, que
continua a serviço da igreja."
Com agências internacionais
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