São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

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Quito ameaça tirar embaixador da Colômbia

Medida foi aventada por chanceler equatoriano após Bogotá retomar fumigações de coca na fronteira

DA REDAÇÃO

O chanceler equatoriano, Francisco Carrión, ameaçou ontem retirar seu embaixador de Bogotá em resposta à decisão do presidente colombiano, Álvaro Uribe, de retomar a fumigação com pesticidas na fronteira dos dois países para erradicar plantações de coca.
Carrión afirmou também que há possibilidade de o Equador deixar de receber refugiados e expulsar os imigrantes colombianos ilegais. O presidente eleito do Equador, Rafael Correa, considerou a decisão colombiana abusiva e disse que atuará com firmeza para impedir "que as fumigações matem os cultivos e, talvez, os cultivadores" do seu país.
O governo equatoriano classificou como "hostil" a retomada das fumigações na região, que estavam suspensas desde janeiro. Na ocasião, Uribe se comprometeu a respeitar uma área de 10 km da linha da fronteira. Quito afirma que o glifosato -produto químico usado na fumigação- é nocivo à população e ao ambiente.
Bogotá, porém, classificou como "inócuos" os efeitos da fumigação para a saúde humana e afirmou que, após a suspensão das atividades, o cultivo de coca cresceu na região. Segundo a polícia colombiana, existem 10 mil hectares de plantação de coca na fronteira.
A chanceler colombiana, María Consuelo Araújo, disse que seu país espera a compreensão do vizinho. É necessário "ter estratégias conjuntas e de cooperação para ver o programa mundial das drogas como uma estratégia de responsabilidade compartilhada", afirmou.
Porém, para Carrión, "o Equador não tem por que sofrer as conseqüências da inação do lado colombiano".

Plano Colômbia
As atividades de repressão à plantação de coca -incluindo as fumigações- fazem parte do Plano Colômbia, acordo feito entre esse país e os EUA para tentar reduzir a produção de coca, matéria-prima da cocaína, na região.
Desde a sua criação, em 2000, os EUA já destinaram cerca de US$ 5 bilhões ao país andino para o combate ao cultivo ilegal da coca e a traficantes, guerrilheiros e paramilitares.
Apesar disso, a Colômbia continua a ser o maior produtor mundial de coca e fornece cerca de 90% da cocaína consumida nos EUA. Segundo dados do governo americano, apesar do plano, o cultivo da planta aumentou 26% entre 2004 e 2006.


Com agências internacionais


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