São Paulo, terça-feira, 14 de dezembro de 2010

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Uribe defendeu ação militar contra Chávez

Ex-líder colombiano propunha reação ao venezuelano, segundo documento dos EUA revelado pelo WikiLeaks

Segundo Uribe, Chávez tinha um plano para avançar sua agenda socialista bolivariana em terras colombianas

DE SÃO PAULO

O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe disse que a melhor resposta aos objetivos expansionistas do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, seria a ação militar.
A sugestão faz parte de um telegrama "confidencial" de 17 de janeiro de 2008, revelado pelo WikiLeaks, de autoria da Embaixada dos EUA em Bogotá.
O documento descreve os assuntos que foram abordados durante a reunião entre o ex-mandatário colombiano e o chefe do Estado-Maior dos EUA, Michael Mullen.
"A melhor forma de conter Chávez, na visão de Uribe, continua sendo a ação -incluindo uso de militares", diz o despacho, assinado pelo então embaixador dos EUA, William Brownfield.
De acordo com o relatório, Uribe afirmou que Chávez tinha um plano, a ser concretizado em no máximo sete anos, para avançar sua agenda socialista bolivariana em território colombiano.
Para isso, o governante venezuelano utilizaria as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) como sua milícia a fim de combater o governo de Uribe.
Outra preocupação se relacionava às eleições presidenciais deste ano. O ex-ministro da Defesa Juan Manuel Santos, apoiado por Uribe, venceu o pleito.
O temor era que os chavistas influenciassem as eleições, por meio do financiamento de um candidato.
O então presidente da Colômbia já indicava que poderia entrar na Venezuela, mesmo que não obtivesse autorização para isso, para capturar os líderes das Farc.
Algum tempo depois, em março, o Exército colombiano ultrapassou a fronteira que separa o país do Equador, do presidente Rafael Correa, aliado de Chávez.
A operação resultou na morte de Raúl Reyes, o então número dois do movimento.
Depois de um ataque aéreo em território equatoriano, Reyes e ao menos outros dez rebeldes foram mortos.
Tal decisão resultou no rompimento total das relações diplomáticas entre colombianos e equatorianos. Até mesmo rumores de guerra entre os países surgiram.
Somente no último dia 26 de novembro houve o restabelecimento das relações formais, embora elas continuem tensas.

TERRORISMO
Conforme o texto do despacho disponibilizado pelo WikiLeaks, a divergência quanto à classificação das Farc em movimento terrorista ou insurgente também foi assunto do encontro.
Uribe insistiu que as Farc, cujas atividades são financiadas pelo "narcotráfico" e por "extorsões", e o Exército de Libertação Nacional sejam considerados grupos de atuação terrorista.
Para Chávez, ambos são movimentos insurgentes ou "beligerantes", conforme a palavra usada no relatório, formados por cidadãos que lutam por mudanças em um país que acreditam estar na direção errada.
Como forma de fazer valer sua visão sobre os movimentos, Uribe pediu aos EUA para que trabalhassem com urgência no convencimento dos vizinhos da região.
Para Uribe, esse entendimento chavista a respeito das Farc poderia prejudicar a Colômbia e a democracia regional, argumento que poderia ser utilizado na conversa com os outros países.
Se mesmo assim os líderes vizinhos insistissem em chamar as Farc e o Exército de Libertação Nacional de "beligerantes", seria necessário dizer a eles que haveria consequências negativas para o futuro dos seus países, segundo a visão de Uribe.


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