São Paulo, sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

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Má qualidade de construções infla tragédia

DO "NEW YORK TIMES"

Engenheiros e arquitetos que já trabalharam no Haiti dizem que projetos que não atendem aos padrões mínimos de qualidade, materiais inadequados e práticas de construção incorretas provavelmente contribuíram para o desabamento de muitas estruturas no terremoto que abalou o país.
Cameron Sinclair, diretor-executivo do grupo de design arquitetônico Architecture for Humanity, sediado em San Francisco, disse que ficou "horrorizado" quando visitou Porto Príncipe em outubro passado para avaliar a qualidade das construções.
"No Haiti, quase todas as construções têm grandes defeitos de engenharia", disse.
A maioria das casas e outras estruturas é construída de concreto sem reforços ou blocos de concreto, já que, em vista do desmatamento maciço, há muito pouca madeira disponível, disse Alan Dooley, arquiteto de Nashville.
O concreto custa muito caro -boa parte do cimento para sua produção vem dos EUA-, e, por isso alguns construtores acrescentam areia demais à mistura. O resultado é um material estruturalmente fraco que se deteriora rapidamente. Barras de ferro para reforços também são caras, de modo que a tendência é usar poucas delas com o concreto.
Os códigos de construção são limitados ou inexistentes no Haiti. Colunas muitas vezes são relativamente finas, projetadas sem margens de segurança apropriadas. "No Haiti, eles projetam as colunas com resistência suficiente para sustentar a construção, nada mais."
Quando os construtores levam desastres em conta em seus projetos, sua experiência mais recente tem sido com furacões, já que o último grande terremoto ocorrera há dois séculos. "As construções mais recentes foram feitas para resistir a furacões, não a terremotos", explica John McAslan, arquiteto londrino. "Se você pensa a engenharia para uma coisa, não está necessariamente se protegendo contra a outra."


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