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Má qualidade de construções infla tragédia
DO "NEW YORK TIMES"
Engenheiros e arquitetos que já trabalharam no
Haiti dizem que projetos
que não atendem aos padrões mínimos de qualidade, materiais inadequados
e práticas de construção
incorretas provavelmente
contribuíram para o desabamento de muitas estruturas no terremoto que
abalou o país.
Cameron Sinclair, diretor-executivo do grupo de
design arquitetônico Architecture for Humanity,
sediado em San Francisco,
disse que ficou "horrorizado" quando visitou Porto
Príncipe em outubro passado para avaliar a qualidade das construções.
"No Haiti, quase todas
as construções têm grandes defeitos de engenharia", disse.
A maioria das casas e outras estruturas é construída de concreto sem reforços ou blocos de concreto,
já que, em vista do desmatamento maciço, há muito
pouca madeira disponível,
disse Alan Dooley, arquiteto de Nashville.
O concreto custa muito
caro -boa parte do cimento para sua produção vem
dos EUA-, e, por isso alguns construtores acrescentam areia demais à
mistura. O resultado é um
material estruturalmente
fraco que se deteriora rapidamente. Barras de ferro para reforços também
são caras, de modo que a
tendência é usar poucas
delas com o concreto.
Os códigos de construção são limitados ou inexistentes no Haiti. Colunas muitas vezes são relativamente finas, projetadas sem margens de segurança apropriadas. "No
Haiti, eles projetam as colunas com resistência suficiente para sustentar a
construção, nada mais."
Quando os construtores
levam desastres em conta
em seus projetos, sua experiência mais recente
tem sido com furacões, já
que o último grande terremoto ocorrera há dois séculos. "As construções
mais recentes foram feitas
para resistir a furacões,
não a terremotos", explica
John McAslan, arquiteto
londrino. "Se você pensa a
engenharia para uma coisa, não está necessariamente se protegendo contra a outra."
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