São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

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IRAQUE SOB TUTELA

Sem maioria, coalizão vencedora escolhe seus aliados

Aliança xiita deve escolher premiê, mas pode se dividir

DA REDAÇÃO

Após obter o primeiro lugar nas eleições iraquianas, a Aliança Iraquiana Unida, uma coalizão xiita, começou ontem a discutir quem escolherá como premiê do país e quem serão seus aliados para dar estabilidade ao novo governo.
A aliança, que teve 48% dos votos, precisará do apoio de outros partidos para lançar a agenda da Assembléia Nacional. Analistas esperam que os curdos (25,7% dos votos) sejam os mais influentes nas negociações sobre cargos.
Surgiram dúvidas sobre a possibilidade de a coalizão, apoiada pelo clérigo xiita mais importante do Iraque, o grão-aiatolá Ali al Sistani, permanecer unida no futuro. O grupo é liderado por dois partidos: o Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque e o Dawa.
"Vamos escolher o premiê, ministros e discutir os outros detalhes, inclusive a união do grupo", disse um membro da aliança.
As reuniões aconteceram no escritório de Abdel Aziz al Hakim, o líder do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque, que foi fotografado chorando quando os resultados mostraram que a aliança não conseguira maioria absoluta no Legislativo.
A aliança deve conseguir cerca de 140 lugares na Assembléia -dois a mais que a maioria- quando votos de candidatos que não se elegeram forem redistribuídos. Os curdos devem ter cerca de 70 cadeiras. A lista do premiê interino Iyad Allawi deve conseguir cerca de 40 assentos.
Os dois principais partidos curdos acertaram que Jalal Talabani, o líder da União Patriótica do Curdistão, será seu candidato para um posto no governo. Talabani indicou querer a Presidência.
O novo governo iraquiano terá um presidente e dois vices, que devem ser aprovados por dois terços da Assembléia. Eles escolherão um premiê e montarão um gabinete que deve ser aprovado pela maioria. Se os curdos ficarem com a Presidência, os xiitas devem ficar com o posto de premiê.
A Aliança Iraquiana Unida tem vários nomes, incluindo Ibrahim al Jaafari, o líder do Dawa, e Adel Abdul-Mehdi, membro do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque e ministro interino das Finanças. Ahmad Chalabi também é mencionado.
Tropas dos EUA ficaram de prontidão em Kirkuk, depois que o bom resultado dos partidos curdos na região ameaçou desestabilizar o equilíbrio étnico regional. "Antes da eleição, havia ataques concentrados nas forças da coalizão e iraquianas, mas acho que o foco deve ter mudado", disse o capitão Mitch Smith.

Ataques
Uma bomba matou três policiais e um civil ao norte de Bagdá. Em Samarra, ataques mataram nove pessoas. Cinco militares foram seqüestrados. Perto de Kirkuk, sabotadores explodiram oleodutos. Um soldado dos EUA morreu quando uma bomba explodiu em Baquba. Em Chorgat, um empresário que trabalhava para os tropas dos EUA foi morto.
Seqüestradores ameaçam degolar o líder de um partido cristão iraquiano, exigindo calendário para a retirada das tropas dos EUA. Gurcan Bac, suspeito de ataques suicidas em Istambul, foi morto por forças dos EUA no Iraque, disse o suspeito Harun Ilhan.


Com agências internacionais


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