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FINAL FELIZ
Nove casais diziam ser deles a criança que foi arrancada dos braços da mãe pelo tsunami
DNA revela pais verdadeiros do "bebê 81"
DA REDAÇÃO
Enfim o "bebê 81" encontrará
sossego. Não bastasse ter sido
arrancado dos braços de sua
mãe pelo tsunami que atingiu o
sul da Ásia em dezembro, nove
casais passaram a disputar sua
guarda após a tragédia, afirmando serem seus pais. Finalmente,
o resultado de um teste de DNA
revelou seus pais verdadeiros.
O "bebê 81", ou melhor, Abilash Jeyarajah, é filho de Jenita e
Murugupillai Jeyarajah, disse
ontem o juiz do Tribunal de Kalminai (leste do Sri Lanka).
Após ter sido arrastado pelas
águas que varreram o Sri Lanka
em 26 de dezembro, deixando 31
mil mortos, o bebê foi encontrado sobre uma pilha de escombros e levado ao hospital de Kalmunai, com ferimentos leves.
Apelidado de "bebê 81" por ter
sido o paciente número 81 a dar
entrada naquele dia no hospital,
Abilash, hoje com quatro meses,
mal sabia que seus tormentos estavam apenas começando.
Todos os demais bebês do hospital tinham pais ou família conhecidos, exceto ele. A notícia se
espalhou. Em pouco tempo, dezenas de casais, ainda sob o impacto do desespero de terem visto seus filhos arrastados pelas
águas, acorreram ao hospital. O
problema é que não apenas seus
pais verdadeiros, mas um total
de nove casais, passaram a afirmar que o "81" era seu filho.
O fato é compreensível: no Sri
Lanka, o tsunami matou cerca
de 12 mil crianças -40% do total dos mortos. Em vez de aceitar
a realidade, era menos doloroso
para alguns ver no "81" o seu filho. No entanto, nenhum casal
foi mais insistente em suas alegações de paternidade do que os
pais verdadeiros de Abilash.
Quando souberam que, devido à disputa pela criança, ela não
lhes seria entregue, Jenita e Murugupillai primeiro ameaçaram
se suicidar. Em seguida, juntaram uma multidão de pessoas e
marcharam todos para o hospital, determinados a voltarem para casa com o bebê.
O casal foi preso, sob acusação
de tentar "roubar" a criança.
Eles foram liberados em seguida, mas o bebê passou a receber
proteção da polícia.
Começou então a luta na Justiça. Dos nove casais que clamavam serem os pais da criança, Jenita e Murugupillai foram os
únicos que preencheram uma
requisição formal de guarda do
bebê. Mas para a Justiça isso não
bastava, pois eles não possuíam
documento algum que pudesse
provar suas alegações.
Segundo o casal, o motivo disso era simples: tudo o que possuíam, inclusive os documentos,
foi levado pela água. O tribunal
decidiu então que o bebê só sairia do hospital se exames de
DNA determinassem que Jenita
e Murugupillai eram de fato seus
pais verdadeiros.
Após quase dois meses de angústia, o resultado saiu ontem.
"Sabíamos que era nosso filho,
mas tivemos que esperar até
agora. Nossas súplicas foram
ouvidas", afirmou o pai após a
divulgação do exame. A criança
será entregue definitivamente
aos pais na quarta-feira.
A mãe, Jenita, disse que, por
ter seus pedidos atendidos, agora terá que cumprir a promessa
que fez aos deuses hindus: quebrar cem cocos no templo de Ganesh, oferecer arroz doce ao
deus guerreiro Murugan, e matar um galo à deusa Kali.
Com agências internacionais
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