São Paulo, segunda-feira, 15 de março de 2004

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Alemanha propõe reunião de ministros do Interior; países reforçam fronteiras; França põe 1.300 agentes em trens e metrôs

Europeus reforçam proteção antiterror

DA REDAÇÃO

A Alemanha sugeriu ontem a convocação de um encontro de emergência entre ministros europeus do Interior para discutir formas de proteção conjunta contra o terrorismo islâmico.
O sentimento predominante na Europa é o de que, se confirmada a participação da Al Qaeda no atentado de quinta-feira em Madri, essa forma de extremismo terá atingido "um novo estágio no continente", segundo o ministro alemão do Interior, Otto Schily.
O ministro telefonou ontem para seu homólogo espanhol, que aderiu à idéia de uma reunião, cuja data será ainda escolhida e à qual irá seu sucessor. Berlim enviou mensagem à República da Irlanda, cujo primeiro-ministro, Bertie Ahern, é o presidente temporário da União Européia.
Mas desde já os europeus já adotaram individualmente medidas que reforçaram a segurança nos aeroportos e redes de transportes públicos.
A França está em "alerta alaranjado", o segundo mais rígido de quatro planos de segurança contra o terrorismo. Nos aeroportos, o policiamento passou a ser feito por 500 policiais e militares, o dobro do contingente normal, enquanto em Paris 1.300 agentes cuidam sobretudo dos trens de subúrbio e do metrô.
O Reino Unido ativou um estado de alerta, o "comando cobra", com iniciativas que não foram reveladas e que serão reforçadas depois do sinal verde ao secretário do Interior, David Blunkett.
O primeiro-ministro Tony Blair exortou os britânicos a manter a maior vigilância possível.
A rede ferroviária britânica, com suas 2.500 estações, impede que se instalem controles eletrônicos de bagagem como os existentes nos aeroportos. Mesmo assim, foram ativados mecanismos que vigoraram durante as duas décadas de combate ao terrorismo republicano irlandês. Um deles consiste, segundo o jornal "Observer", em colocar agentes armados entre os passageiros de trens e composições de metrô.
Portugal reforçou os controles de fronteira. Não quer ser responsabilizado por incidentes que prejudiquem o campeonato europeu de futebol, programado a partir de 12 de junho e que é o principal evento que atrairá este ano turistas estrangeiros.
A Grécia pediu para que a Otan, a aliança militar ocidental, participe do dispositivo de segurança de seus Jogos Olímpicos, marcados para o próximo mês de agosto. A proteção aos atletas e ao público custará três vezes mais que o gasto pela Austrália com as Olimpíadas de 2000.
Na Itália -que participou da Guerra do Iraque ao lado dos Estados Unidos, a exemplo da Espanha- o governo diz que o país está ameaçado e reforçou as medidas de segurança em Roma, Milão, Bolonha e Nápoles.
O ministro italiano do Exterior, Franco Frattini, disse que é urgente pôr fim à rivalidade entre serviços europeus de inteligência. A Bélgica pediu sábado que esses serviços passem a compartilhar seus bancos de dados.
O mesmo alinhamento à guerra ao terror do presidente George W. Bush vulnerabiliza a Polônia. Zbigniew Siemiatkowski, chefe do serviço local de inteligência, disse que seu país pode ser o próximo alvo, apesar de não abrigar uma comunidade islâmica na qual terroristas se diluiriam.
Por mais que boa parte dos países da Europa esteja escolada no combate ao terrorismo, é preciso partir para controles que tragam incômodos às pessoas, disse François Heisbourg, da Fundação para Defesa Estratégica, uma instituição baseada em Paris.
No caso dos grupos islâmicos, diz Marco Vicenzino, do escritório em Washington do Instituto Internacional para Estudos estratégicos, "as células não recebem instruções da cúpula e têm autonomia de planejamento e tempo suficiente para se inserir na sociedade". Isso torna a repressão na Europa bem mais difícil, afirmou.


Com agências internacionais


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