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Alemanha propõe reunião de ministros do Interior; países reforçam fronteiras; França põe 1.300 agentes em trens e metrôs
Europeus reforçam proteção antiterror
DA REDAÇÃO
A Alemanha sugeriu ontem a
convocação de um encontro de
emergência entre ministros europeus do Interior para discutir formas de proteção conjunta contra
o terrorismo islâmico.
O sentimento predominante na
Europa é o de que, se confirmada
a participação da Al Qaeda no
atentado de quinta-feira em Madri, essa forma de extremismo terá atingido "um novo estágio no
continente", segundo o ministro
alemão do Interior, Otto Schily.
O ministro telefonou ontem para seu homólogo espanhol, que
aderiu à idéia de uma reunião, cuja data será ainda escolhida e à
qual irá seu sucessor. Berlim enviou mensagem à República da Irlanda, cujo primeiro-ministro,
Bertie Ahern, é o presidente temporário da União Européia.
Mas desde já os europeus já
adotaram individualmente medidas que reforçaram a segurança
nos aeroportos e redes de transportes públicos.
A França está em "alerta alaranjado", o segundo mais rígido de
quatro planos de segurança contra o terrorismo. Nos aeroportos,
o policiamento passou a ser feito
por 500 policiais e militares, o dobro do contingente normal, enquanto em Paris 1.300 agentes
cuidam sobretudo dos trens de
subúrbio e do metrô.
O Reino Unido ativou um estado de alerta, o "comando cobra",
com iniciativas que não foram reveladas e que serão reforçadas depois do sinal verde ao secretário
do Interior, David Blunkett.
O primeiro-ministro Tony Blair
exortou os britânicos a manter a
maior vigilância possível.
A rede ferroviária britânica,
com suas 2.500 estações, impede
que se instalem controles eletrônicos de bagagem como os existentes nos aeroportos. Mesmo assim, foram ativados mecanismos
que vigoraram durante as duas
décadas de combate ao terrorismo republicano irlandês. Um deles consiste, segundo o jornal
"Observer", em colocar agentes
armados entre os passageiros de
trens e composições de metrô.
Portugal reforçou os controles
de fronteira. Não quer ser responsabilizado por incidentes que prejudiquem o campeonato europeu
de futebol, programado a partir
de 12 de junho e que é o principal
evento que atrairá este ano turistas estrangeiros.
A Grécia pediu para que a Otan,
a aliança militar ocidental, participe do dispositivo de segurança
de seus Jogos Olímpicos, marcados para o próximo mês de agosto. A proteção aos atletas e ao público custará três vezes mais que o
gasto pela Austrália com as Olimpíadas de 2000.
Na Itália -que participou da
Guerra do Iraque ao lado dos Estados Unidos, a exemplo da Espanha- o governo diz que o país
está ameaçado e reforçou as medidas de segurança em Roma, Milão, Bolonha e Nápoles.
O ministro italiano do Exterior,
Franco Frattini, disse que é urgente pôr fim à rivalidade entre serviços europeus de inteligência. A
Bélgica pediu sábado que esses
serviços passem a compartilhar
seus bancos de dados.
O mesmo alinhamento à guerra
ao terror do presidente George W.
Bush vulnerabiliza a Polônia.
Zbigniew Siemiatkowski, chefe
do serviço local de inteligência,
disse que seu país pode ser o próximo alvo, apesar de não abrigar
uma comunidade islâmica na
qual terroristas se diluiriam.
Por mais que boa parte dos países da Europa esteja escolada no
combate ao terrorismo, é preciso
partir para controles que tragam
incômodos às pessoas, disse
François Heisbourg, da Fundação
para Defesa Estratégica, uma instituição baseada em Paris.
No caso dos grupos islâmicos,
diz Marco Vicenzino, do escritório em Washington do Instituto
Internacional para Estudos estratégicos, "as células não recebem
instruções da cúpula e têm autonomia de planejamento e tempo
suficiente para se inserir na sociedade". Isso torna a repressão na
Europa bem mais difícil, afirmou.
Com agências internacionais
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