São Paulo, domingo, 15 de março de 1998

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CIBERIMPÉRIO
Nova rede vai conectar universidades e agências federais em velocidade até mil vezes maior que a atual
EUA preparam Internet do futuro

MARCELO STAROBINAS
free-lance para a Folha

Dois projetos que reúnem governo, universidades e empresas dos EUA estão desenvolvendo a Internet do futuro. Os associados da Internet-2 e da Next Generation Internet (NGI) já começaram a testar aplicações com velocidade de transmissão de dados cem vezes maior que a Internet de hoje.
Cabos de fibras ópticas fazem a nova superestrada da informação nos EUA. Chamado de vBNS (very high performance Backbone Network Service), o sistema é uma pista de Fórmula 1 digital desenvolvida pela MCI, gigante multinacional das telecomunicações. Permite a transmissão de 622 megabits (milhões de bits) por segundo.
O conteúdo de uma enciclopédia de 30 volumes leva menos de um segundo para ser transmitido por esse novo caminho. A Internet-2 planeja testar daqui a dois anos operações mil vezes mais velozes do que as permitidas pelas linhas telefônicas dos dias de hoje.
O desafio não está apenas em acelerar o giro de bits e bytes ao redor do mundo. Os engenheiros estudam formas de organizar o caótico fluxo da informação, fazendo diferentes conteúdos correrem em pistas separadas. Assim, imagens ao vivo não entrariam na mesma fila de um e-mail (mensagem eletrônica) no engarrafamento das vias.
A Internet-2 já congrega 77 universidades dos EUA, que ganharam acesso ao vBNS em troca do compromisso de criar aplicações para a nova rede. Empresas como a IBM e a Apple ajudam a financiar o projeto, que recebeu investimento inicial de US$ 50 milhões.
A NGI é uma iniciativa federal, pela qual agências como a Nasa ou a Fundação Nacional da Ciência também se conectam ao vBNS desenvolvendo programas que possam explorar ao limite os recursos da alta velocidade.
Entre estas aplicações estão projetos avanços na telemedicina, previsões meteorológicas, educação a distância e projetos científicos (leia texto abaixo).
Segundo o diretor de comunicação da Internet-2, Greg Wood, a nova rede não vai substituir a Internet. Os usuários comuns não terão acesso ao vBNS. Mas deverão sentir os benefícios de conexões tão rápidas dentro de cinco anos. E, provavelmente, terão de pagar caro pelos serviços.
Interesse presidencial
O presidente norte-americano, Bill Clinton, adotou o desenvolvimento da Internet como plataforma política em seu discurso no Congresso sobre o Estado da União. "Peço aos congressistas o apoio na construção da nova geração da Internet, que funcionará em velocidade até mil vezes maior que a atual".
Seu governo destinará US$ 85 milhões neste ano e US$ 110 milhões em 1999 para a Next Generation Internet (NGI).
A Comunidade Européia tenta acompanhar a corrida tecnológica americana. Os europeus criaram o TEN-34, um projeto com sede em Cambridge, no Reino Unido, muito mais modesto em termos de velocidade de conexão. A rede européia, já instalada em caráter experimental, suporta a transmissão de 34 megabits por segundo - seu objetivo é chegar à casa dos 155 megabits por segundo.
O seu uso é destinado, por enquanto, ao desenvolvimento de aplicações de uso científico e acadêmico. Uma de suas aspirações é interligar as universidades da Europa por meio de videoconferências.



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