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SILÊNCIO
Brasil não comenta repressão
Governo Lula evita se posicionar sobre Cuba
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Divergindo do tom de uma política externa mais ativa defendida
pelo presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, o governo brasileiro está
adotando cautela extrema ao tratar da recente onda repressiva
promovida pelo governo cubano.
Nas últimas três semanas, o regime do ditador Fidel Castro, no
poder desde 1959, prendeu e condenou sumariamente 78 dissidentes internos a penas de até 28
anos. Na sexta-feira, três pessoas
foram fuziladas, após serem condenadas em rito sumário.
O Itamaraty fez um curto comentário, a pedido da Folha, mas
sem citar Cuba. "A situação dos
direitos humanos sempre nos
preocupa em qualquer país que
seja, mas as ações mais estridentes nem sempre são as mais eficazes", disse, por sua assessoria, o
chanceler Celso Amorim.
O porta-voz do Planalto, André
Singer, se disse impedido de emitir opinião porque não conversou
com Lula sobre o assunto.
O único a se pronunciar contra
o regime cubano foi o secretário
de Direitos Humanos, Nilmário
Miranda, ressaltando falar em caráter pessoal e não em nome do
governo. "Estive em Cuba no ano
passado e tive garantias de autoridades de que a pena de morte não
seria aplicada mais, especialmente contra dissidentes. Infelizmente, parece ter havido um retrocesso, um passo atrás absolutamente
condenável", disse.
O novo embaixador designado
para Cuba, Tilden Santiago, afirmou, por meio de um assessor,
que considera a onda repressiva
"assunto interno" do país.
Em janeiro, durante visita a
Quito (Equador), o presidente
disse que o país deveria "desabrochar" e "assumir sua grandeza"
na política externa. O exemplo
maior dessa "nova" linha de política externa foi o engajamento do
Brasil na tentativa de resolução da
crise venezuelana, com a criação
do chamado Grupo de Amigos.
Desde sua fundação, o PT se diferenciou dos comunistas cubanos, buscando o caminho democrático e dizendo que o regime de
Fidel não servia como modelo.
Mas as relações afetivas entre o
atual núcleo de poder e o governo
cubano são fortes. Lula é amigo
de Fidel, e José Dirceu (Casa Civil)
exilou-se na ilha nos anos 70.
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