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São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

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SILÊNCIO

Brasil não comenta repressão

Governo Lula evita se posicionar sobre Cuba

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Divergindo do tom de uma política externa mais ativa defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo brasileiro está adotando cautela extrema ao tratar da recente onda repressiva promovida pelo governo cubano.
Nas últimas três semanas, o regime do ditador Fidel Castro, no poder desde 1959, prendeu e condenou sumariamente 78 dissidentes internos a penas de até 28 anos. Na sexta-feira, três pessoas foram fuziladas, após serem condenadas em rito sumário.
O Itamaraty fez um curto comentário, a pedido da Folha, mas sem citar Cuba. "A situação dos direitos humanos sempre nos preocupa em qualquer país que seja, mas as ações mais estridentes nem sempre são as mais eficazes", disse, por sua assessoria, o chanceler Celso Amorim.
O porta-voz do Planalto, André Singer, se disse impedido de emitir opinião porque não conversou com Lula sobre o assunto.
O único a se pronunciar contra o regime cubano foi o secretário de Direitos Humanos, Nilmário Miranda, ressaltando falar em caráter pessoal e não em nome do governo. "Estive em Cuba no ano passado e tive garantias de autoridades de que a pena de morte não seria aplicada mais, especialmente contra dissidentes. Infelizmente, parece ter havido um retrocesso, um passo atrás absolutamente condenável", disse.
O novo embaixador designado para Cuba, Tilden Santiago, afirmou, por meio de um assessor, que considera a onda repressiva "assunto interno" do país.
Em janeiro, durante visita a Quito (Equador), o presidente disse que o país deveria "desabrochar" e "assumir sua grandeza" na política externa. O exemplo maior dessa "nova" linha de política externa foi o engajamento do Brasil na tentativa de resolução da crise venezuelana, com a criação do chamado Grupo de Amigos.
Desde sua fundação, o PT se diferenciou dos comunistas cubanos, buscando o caminho democrático e dizendo que o regime de Fidel não servia como modelo. Mas as relações afetivas entre o atual núcleo de poder e o governo cubano são fortes. Lula é amigo de Fidel, e José Dirceu (Casa Civil) exilou-se na ilha nos anos 70.


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