São Paulo, sábado, 15 de abril de 2006

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"EIXO DO MAL"

Ahmadinejad chama Estado judeu de "árvore podre", três dias após anunciar produção de combustível nuclear

Líder do Irã diz que Israel será aniquilado

DA REDAÇÃO

Três dias depois de causar preocupação mundial ao anunciar que o país começara a produzir combustível nuclear, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, voltou a apontar seu discurso extremista contra Israel, chamando o Estado judeu de "árvore podre" e prevendo sua "aniquilação".
Discursando na abertura de uma conferência de apoio aos palestinos, em Teerã, Ahmadinejad disparou vários outros dardos verbais contra Israel. Afirmou que o país é "uma ameaça permanente" ao Oriente Médio e que será "libertado em breve", e voltou a colocar em dúvida o Holocausto nazista cometido contra os judeus na Segunda Guerra.
"Goste ou não goste, o regime sionista se encaminha para a aniquilação", disse o presidente. "O regime sionista é uma árvore podre, seca, que será eliminada por uma tempestade."
Em outubro do ano passado Ahmadinejad provocou comoção mundial ao dizer que Israel deveria ser "apagado do mapa". Dois meses depois voltou a causar espanto, ao classificar o Holocausto de "mito". Ontem tocou novamente no genocídio cometido pelos nazistas, desta vez para negar o direito de existência de Israel: "Se tal desastre é verdade, por que o povo desta região deve pagar o preço? Por que os palestinos devem ser oprimidos e sua terra deve ser ocupada?"
Na mesma conferência, o líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, acusou os EUA de tramar um complô contra Irã, Síria, Iraque e Líbano para entregar a região ao controle israelense. E acrescentou que essa "cadeia de complôs" não será bem sucedida.

Sanções
O governo dos EUA anunciou ontem que usará a reunião convocada pela ONU para a próxima terça-feira, em Moscou, para defender a adoção de sanções contra o Irã, como congelamento de bens e restrições à concessão de vistos. Participarão a Alemanha e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU -China, Rússia, Reino Unido, França e EUA.
Segundo o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Sean McCormack, serão analisadas "ações reais" em resposta ao desafio imposto pelo Irã, que na terça-feira, contrariando as recomendações da ONU, anunciou ter começado a enriquecer urânio -processo destinado a produzir o combustível necessário tanto para o desenvolvimento de energia nuclear como para a construção de uma arma atômica.
As opções de medidas contra o Irã incluem as previstas no Capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, que começam por sanções políticas e econômicas e podem terminar em ação militar. "Esses são instrumentos [de pressão] à disposição da comunidade internacional", disse McCormack.
A possibilidade de aplicação do Capítulo 7, que já havia sido mencionada no dia anterior pela secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, foi menosprezada ontem pela liderança iraniana. "O que ela disse não tem importância", reagiu Ahmadinejad. "Ela é livre para falar o que quiser."
Yahya Rahim Safavi, comandante das Guardas Revolucionárias, disse que as Forças Armadas iranianas estão prontas para defender o país. "Um ataque militar será o segundo erro estratégico [dos EUA]. Os americanos sabem melhor do que ninguém que suas forças na região e no Iraque estão vulneráveis", disse Safavi.


Com agências internacionais


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