São Paulo, sábado, 15 de abril de 2006

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ITÁLIA

Novo número de cédulas contestadas não reverteria a vitória de Prodi nas eleições legislativas, mas premiê ainda insiste

Contagem esvazia resistência de Berlusconi

Luca Bruno/Associated Press
O premiê assiste ao clássico entre Milan, time do qual é dono, e Inter


DA REDAÇÃO

Comunicado do Ministério do Interior italiano informou ontem que é bem menor que o inicialmente anunciado o número de cédulas contestadas das eleições legislativas de domingo e segunda, que deram uma estreita vitória ao bloco de centro-esquerda.
Na votação para deputado são 5.266 cédulas, em lugar de 43.028. Para a votação de senador são 3.135, em lugar de 39.822.
Tão poucos votos são incapazes de reverter os resultados favoráveis à oposição, o que representa um novo golpe nos planos do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, líder do bloco de centro-direita, de sair vencedor por meio de uma ampla recontagem de cédulas.
Mas Berlusconi não desiste. Enviou carta ao jornal "Corriere della Sera" em que afirma que o quadro permanece indefinido e que, "ao menos com relação ao voto popular, não há por enquanto vencidos ou vencedores".
Disse mais ou menos o mesmo a um grupo de partidários, ao deixar Roma para assistir, em Milão, a um jogo do Milan, time de futebol do qual é proprietário.
"Acabou a comédia, vamos andar agora para frente", afirmou Romano Prodi, líder da oposição, cada vez mais próximo de ser declarado próximo primeiro-ministro. Ele está passando a Semana Santa em Bolonha.
Com a inexistência de uma Justiça Eleitoral, a Itália é um dos países em que as eleições são coordenadas pelo Ministério do Interior. O ministro -um subordinado de Berlusconi, cuja imparcialidade não tem sido colocada em dúvida- justificou a confusão de números pela mistura de votos brancos e nulos na relação de votos de validade duvidosa.
O Partido Democrático da Esquerda (ex-comunista), o maior dos aliados de Prodi, acusou ontem Berlusconi e seu partido, o Força Itália, de terem montado uma "mascarada". O premiê afirmou na quarta-feira que ocorrera durante as eleições uma "fraude generalizada". Mas ele e seus partidários não forneceram provas para comprovar a acusação.
Naquilo que observadores acreditam ser uma encenação para dificultar os movimentos de seu adversário, Berlusconi poderá estar contribuindo para indiretamente solapar a legitimidade do novo governo de centro-esquerda.
O "Corriere della Sera" relata em sua edição online os termos de um debate dentro do blog do Força Itália, o partido do premiê.
Eleitores exaltados querem sair às ruas no 1º de Maio para forçar a convocação de uma nova eleição. Pelo menos um partidário de Berlusconi se disse disposto a "pegar em armas" para defender a permanência de seu líder no poder.
O prosseguimento da controvérsia pelo quarto dia consecutivo agitou a rotina da Sexta-Feira Santa, dia em que os italianos normalmente ignoram o noticiário político ou institucional.
Nas eleições, de domingo e segunda, o bloco de centro-esquerda elegeu 348 deputados (contra 281 para o de centro-direita) e 158 senadores (contra 156).
Para a votação da Câmara a diferença foi de pouco mais de 25 mil dos 38,1 milhões de votos válidos. Mas o bloco vencedor se beneficiou de um bônus de no mínimo 340 cadeiras, previsto na reforma da legislação eleitoral aprovada no final de 2005.

Com agências internacionais


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