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Coreia do Norte retomará programa nuclear
Um dia após anúncio de sanções da ONU em reação a disparo, regime rompe diálogo com Grupo dos Seis e expulsa técnicos da AIEA
Casa Branca contemporiza e fala em negociação direta com norte-coreanos; teste de suposto míssil no dia 5 foi recebido como provocação
DA REDAÇÃO
A Coreia do Norte expulsou
ontem técnicos da AIEA (agência atômica da ONU) e anunciou a retomada de seu programa nuclear militar, em retaliação à condenação, pelo Conselho de Segurança da ONU, do
disparo de um foguete no dia 5.
A declaração do organismo determina que se façam cumprir
restrições ao país, alvo de sanções desde 2006, quando testou uma bomba atômica.
Pyongyang abandonou também o Grupo dos Seis (EUA,
Rússia, Japão, China e as Coreias), fórum das negociações
que culminaram no desligamento do reator nuclear de
Yongbyon, em 2007. Especialistas afirmam que a usina de
Yongbyon possa voltar a enriquecer plutônio em três meses.
O material é usado em bombas.
Foi "uma resposta desnecessária a uma declaração legítima, que reflete a preocupação
do Conselho de Segurança",
disse a secretária de Estado dos
EUA, Hillary Clinton. "Esperamos ter uma oportunidade de
discutir isso não apenas com
nossos aliados, mas também,
eventualmente, com os norte-coreanos", contemporizou.
Segundo o Conselho, o lançamento do Taepondong-2 violou os termos da resolução de
2006 que obriga Pyongyang a
abandonar os programas nuclear e balístico. Mais brando
do que o defendido pelos EUA,
o texto evoca o congelamento
de ativos de empresas norte-coreanas no exterior.
A declaração, aprovada por
unanimidade, não especifica se
o aparato era um foguete civil,
como afirma Pyongyang, ou um
míssil balístico, com alegam
EUA e Japão. O tema divide especialistas, unânimes apenas
em afirmar que Taepondong-2
e sua carga caíram no mar.
O lançamento, apresentado
como um sucesso pela imprensa norte-coreana, tem importantes implicações internas para o regime. O ditador convalescente Kim Jong-il precisa
estar em posição de força para
fazer seu sucessor -e vencer a
corrida espacial com o rico vizinho do sul seria um imenso golpe de propaganda.
Negociação turbulenta
O disparo foi também uma
provocação internacional. Isolado desde o colapso do bloco
soviético, o regime comunista
norte-coreano resiste em razão
do seu relativamente avançado
programa militar.
A Coreia do Norte abandonou o Tratado de Não Proliferação Nuclear em 2005. A ruptura foi precedida por divergências com a AIEA e por um crescente cerco dos EUA -o
então presidente, George W.
Bush, incluiu o país no "eixo do
mal", ao lado do Irã e Iraque.
Com o teste de uma bomba
atômica, em 2006, Pyongyang
voltou à posição de força e barganhou compensações econômicas (petróleo e alimentos) e
políticas em troca do abandono
dos programas balístico e nuclear, rechaçados pela ONU.
A conciliação empacou em
2008, diante de atrasos nas
contrapartidas acordadas e no
desmonte nuclear norte-coreano. Em protesto, Pyongyang
suspendeu a desativação da
planta de Yongbyon e expulsou
técnicos da AIEA.
O endurecimento surtiu efeito, e a Casa Branca retirou o
país da lista de Estados patrocinadores do terrorismo.
A contínua pressão desgastou, porém, as relações com
Seul. A eleição, em dezembro,
do presidente Lee Myung-bak
marcou uma ruptura com a política de concessões adotada na
última década pela Coreia do
Sul, que buscava selar uma paz
definitiva. A Guerra da Coreia
(1950-53) foi interrompida por
um cessar-fogo, ainda vigente,
mas não houve acordo de paz.
Com agências internacionais
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