São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2010

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Rede britânica se desculpa após vender biquíni com enchimento para crianças

DE GENEBRA

Seios -ou a falta deles- acabaram no centro do debate eleitoral britânico ontem, quando uma rede de lojas de roupas anunciou que tiraria das araras biquínis com enchimento. As peças vendidas a 4 libras esterlinas (R$ 11) não tinham como alvo moças e mulheres querendo dar um empurrão em seus atributos, mas meninas de até sete anos.
Pais reclamaram, educadores chiaram, e os três principais partidos britânicos criticaram o que veem como hipersexualização precoce das meninas. Para o candidato conservador, David Cameron, "é uma desgraça". A mídia ecoou. E a Primark, cadeia varejista que foca também crianças e adolescentes e tem filiais na Irlanda e na Espanha, recolheu os biquínis.
A rede acabou se desculpando, após dizer que tinha "tomado nota das preocupações com determinados tops" e estava suspendendo a venda. Prometeu doar para instituições de caridade o lucro que já foi obtido com os biquínis com enchimento, mas sem dizer quantos deles haviam sido vendidos.
"Nós, pais, sabemos que há algo errado quando as empresas forçam a barra para que nossos filhos ajam como gente grande quando deveriam estar apenas curtindo o fato de serem crianças", declarou o premiê trabalhista, Gordon Brown.
"Sabemos, por nossas pesquisas, que a pressão comercial para a sexualização prematura e a publicidade sem princípios estão fazendo mal ao bem-estar de nossas crianças", diz em seu website a organização para o bem-estar infantil Children's Society, após elogiar a retirada do produto do mercado.
"Os adultos hoje acham que as crianças estão mais materialistas que em gerações passadas, e as crianças sentem a pressão para seguir tendências", completou a entidade.

Memória
O jornal "Independent" lembrou que, em 2006, a rede de supermercados Tesco, a principal do Reino Unido, teve de retirar de sua seção de brinquedos um kit para "pole dance" -a dança do poste originada em clubes de striptease e que depois se popularizou. Com o poste desmontável, vinha um DVD ensinando movimentos sensuais e dinheiro de mentira para a "dançarina".
A Disney também teve de se desculpar após colocar à venda cuecas infantis com a frase "Dive In" (mergulhe, mas que em um paralelismo gastronômico também pode ser traduzida para algo como "caia de boca"). (LC)


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