São Paulo, sexta-feira, 15 de maio de 2009

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Campanha cortejará pobres, diz marqueteiro

DE BUENOS AIRES

Mirar nos pobres e esquecer o apoio das classes média e alta, perdido desde o conflito do governo com o campo. Essa será a estratégia do casal Néstor e Cristina Kirchner para as eleições legislativas nacionais de junho, disse à Folha o publicitário Fernando Braga Menéndez, marqueteiro das campanhas kirchneristas desde a disputa presidencial de 2002.
"Vamos focar no setor onde o governo de [Néstor] Kirchner [2003-2007] é muito mais admirado e aceito. Não devemos nos dirigir aos setores médios, praticamente perdidos e que, historicamente, prejudicaram a si mesmos na Argentina", afirmou Menéndez.
O marqueteiro justifica a opção: dos 9 milhões de eleitores da Província de Buenos Aires -a de maior peso eleitoral e onde Néstor é candidato-, 6 milhões são de baixa renda.
Setores médios (2,5 milhões) e altos (500 mil) que completam o quadro, afirma, são "contraditórios" e vítimas do "veneno dos grandes meios de comunicação". "Em pesquisas qualitativas, eles dizem que o governo destrói a classe média, mas afirmam que a cidade está sendo invadida por carros zero quilômetro."
O eixo da campanha serão as realizações dos seis anos da era Kirchner. "Reativação econômica, emprego e obra pública", afirma Menéndez. Para transmitir a mensagem, o marqueteiro vai utilizar depoimentos de "argentinos que viveram nos últimos seis anos e que se beneficiaram".
Na prática, a estratégia já está em curso desde o verão, quando Kirchner, na condição de presidente do Partido Justicialista, passou a encabeçar comícios peronistas nas cidades empobrecidas do entorno de Buenos Aires, região que soma 23% dos votantes do país, pedindo "memória".
Menéndez afirmou que a propaganda não vai explorar o ideia do "eu ou o caos", esboçada em afirmações recentes de Kirchner -a noção de que, se o governo perder, voltará a crise de 2001. "Mas, se houver opositores que digam o contrário explicitamente, usaremos." Disse ainda que concentrará a publicidade em três meios: TV aberta, rádio e vias públicas. (TG)


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