DA REDAÇÃO

A concessão de asilo pelo Peru a três ex-ministros bolivianos ameaça causar crise diplomática entre Lima e La Paz, que já haviam trocado farpas no ano passado.
Em reação à decisão peruana, a Chancelaria da Bolívia pediu ontem a Lima e à Acnur (agência da ONU para refugiados) a revisão das concessões e a extradição dos ex-ministros bolivianos.
Anteontem, o presidente Evo Morales, que no domingo havia pedido ao Peru que não concedesse os asilos, disse que a decisão coloca sob "alto risco" as relações diplomáticas. Indagado, Morales não descartou nem mesmo romper as relações. "Isso decidiremos oportunamente."
Já o governo peruano preferiu colocar panos quentes. Para o premiê Yehude Simon, as declarações foram feitas "no calor da hora". "Pediria a Morales para baixar o tom das declarações para manter a relação que temos."
Ex-integrantes do governo Gonzalo Sánchez de Lozada (2002-03), os asilados são réus em processo pela morte de 60 pessoas em ação da polícia contra protestos em El Alto em 2003. No episódio, manifestantes protestavam contra acordo para exportar gás aos EUA via Chile. A repressão aos protestos precipitou a queda do presidente.
No ano passado, após Morales exortar o "povo peruano" a resistir a supostas tratativas entre Peru e EUA para o estabelecimento de uma base militar no país -que Lima nega-, o peruano Alan García convocou o embaixador na Bolívia para consulta.