São Paulo, domingo, 15 de maio de 2011

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Jornal e livro expõem 'cultura do estupro'

EM BOSTON

Dois exemplos recentes da "cultura do estupro" -culpar a vítima pela violência sofrida- repercutiram nas últimas semanas nos EUA, onde o cinema já abordou o tema brilhantemente em "Acusados" (1988), que deu o Oscar a Jodie Foster.
O primeiro foi uma reportagem publicada em março pelo jornal "The New York Times". O texto contava a história de uma menina de 11 anos que foi estuprada repetidamente por um grupo de homens em uma cidade do Texas -há 19 indiciados.
O repórter, porém, afirmava que a menina "usava maquiagem e se vestia como alguém mais velha".
Não demoraram as críticas e os protestos. O ombudsman do jornal chamou a reportagem de "desequilibrada", e o "NYT", após centenas de cartas, desculpou-se dizendo que o texto não queria dar a entender que a menina era culpada.
Outras duas reportagens foram publicadas depois, ambas respeitosas à criança.
O segundo exemplo é o recém-lançado livro da organizadora de eventos Liz Seccuro, "Crash Into Me" (um jogo de palavras que tanto pode ser traduzido como "colapso dentro de mim" quanto como "entre com tudo em mim"), editado pela Bloomsbury.
No livro, ela conta como foi estuprada em uma festa quando era caloura da Universidade da Virgínia, em 1984; como seus agressores (parte da elite social da faculdade) não foram punidos pela direção; como a direção a enganou para que não desse queixa à polícia; como ela abandonou a faculdade e como isso a marcou.
Vinte anos depois, Liz recebeu uma desconcertante carta de um de seus estupradores, pedindo desculpas. Mas com o passar dos meses, descobriu que o homem a estava seguindo. E deu queixa.
William Beebe, o agressor-perseguidor, foi sentenciado a dez anos de prisão. Cumpriu menos de seis meses. (LC)


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