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IRAQUE OCUPADO
Ataque na hora do rush deixa 5 funcionários estrangeiros da GE mortos; iraquianos gritam slogans contra os EUA
Carro-bomba mata 13 no centro de Bagdá
DA REDAÇÃO
A explosão de um carro-bomba
no centro de Bagdá deixou ontem
13 mortos, inclusive sete civis estrangeiros, e mais de 60 feridos no
segundo incidente do tipo em
menos de 24 horas. Num sinal de
recrudescimento da violência às
vésperas de o governo iraquiano
tomar posse, como previram autoridades da ocupação, 45 pessoas morreram em quatro explosões semelhantes no Iraque neste
mês -houve 17, ao todo, mas a
maioria não deixou vítimas.
Depois do ataque, dezenas de
iraquianos cercaram dois dos veículos atingidos, gritando frases
como "abaixo a América" e "a
América é o inimigo de Deus". Alguns subiram sobre os carros e
atearam fogo aos tanques de gasolina. Outros ajudaram a remover os feridos para hospitais.
Ante o alvoroço, militares americanos isolaram o local com arame farpado, e soldados em traje
de choque tentaram, sem sucesso,
conter os manifestantes. Um iraquiano foi espancado na ação.
Cinco das vítimas estrangeiras
-dois britânicos, um francês,
um americano e um filipino-
trabalhavam para uma subsidiária da empresa americana General Electric, o que levou autoridades iraquianas a relacionarem o
ataque à recente onda de sabotagem da infra-estrutura de petróleo e energia do país. Morreram
ainda seis iraquianos e dois civis
africanos cujos países de origem
não foram identificados.
A explosão foi provocada por
um homem que dirigia um veículo vermelho com tração nas quatro rodas no momento em que
um comboio da GE passava, durante a hora do rush matutina, em
uma rua movimentada perto da
praça Tharir (libertação). Outros
oito carros foram atingidos, e a fachada do prédio em frente ao qual
estava o carro-bomba foi totalmente destruída.
Mais tarde, foi noticiada a explosão de outro carro-bomba na
cidade de Salman Pak, a sudeste
de Bagdá, que teria matado quatro pessoas -a polícia iraquiana
e o comando americano não confirmaram esse segundo incidente.
Em Mossul (norte), autoridades
municipais disseram que um ataque a bomba matou quatro membros da defesa civil.
A explosão em Bagdá levou as
autoridades iraquianas a reiterarem as acusações contra terroristas estrangeiros. Uma série de ataques com carros-bomba país no
início deste ano foi assumida pelo
grupo do jordaniano Abu Musab
Zarqawi, ligado à Al Qaeda, a rede
de Osama bin Laden. Mas nenhum grupo reivindicou ainda a
autoria do último atentado.
"Os terroristas estão tentando
evitar a transferência de poder e
soberania [aos iraquianos] em 30
de junho", disse o premiê interino
do Iraque, Iyad Allawi, que assume o cargo no último dia do mês.
Em Washington, o secretário de
Estado, Colin Powell, afirmou que
as tropas americanas -que permanecerão no Iraque no comando de uma força multinacional
após o dia 30- farão "tudo o que
puderem para derrotar esses assassinos". Na véspera, o secretário
dissera em entrevista que era "difícil proteger todo um governo".
Além dos atentados, membros
do extinto Conselho de Governo
Iraquiano e do futuro governo interino vêm sendo visados pela insurgência desde maio. Anteontem, um funcionário do Ministério da Educação foi morto por
franco-atiradores, e, no sábado, o
vice-chanceler foi assassinado.
Os EUA aos poucos têm passado as operações de segurança do
dia-a-dia aos iraquianos, embora
admitam que a polícia e as Forças
Armadas do país, reestruturadas
após a guerra, ainda careçam de
treinamento e organização.
"Continuamos prontos para
dar apoio, caso seja solicitado",
disse o porta-voz do comando
dos EUA, general Mark Kimmitt.
Com agências internacionais
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