|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bush descarta retirada "precipitada" do Iraque
Após viagem a Bagdá, presidente afirma que esperar "violência zero" é ilusão
Norte-americano justifica segredo da visita de terça, mantido até para o premiê iraquiano, dizendo que
"Iraque é um lugar perigoso"
DA REDAÇÃO
Um dia depois de sua visita-surpresa ao Iraque, o presidente dos EUA, George W. Bush,
afirmou que, apesar das pressões políticas, não vai retirar as
tropas americanas do país até
que o governo iraquiano esteja
consolidado e seja capaz de assumir a segurança. Ele não especificou se acredita que isso
ocorrerá num futuro próximo.
A afirmação contraria a expectativa da maioria dos americanos -favorável à volta, ainda
que parcial, dos 130 mil militares- e ocorre num momento
de crescimento dos ataques de
insurgentes no Iraque.
O próprio presidente reconheceu que as pressões pela retirada tendem a aumentar com
a proximidade das eleições parlamentares, em novembro, mas
afirmou que uma saída precoce
"tornaria o mundo um lugar
mais perigoso". Bush disse ter
prometido às autoridades iraquianas que isso não vai acontecer. No início do ano, autoridades militares chegaram a
afirmar que o número de militares no país poderia cair para
100 mil já em 2006.
Em entrevista na Casa Branca, Bush afirmou ainda que não
é realista esperar atingir o nível
de "violência zero" no Iraque.
"Espero que a população não
tenha a expectativa de que subitamente haverá "violência zero". Isso não vai ocorrer", disse.
O presidente declarou que
tem havido um "progresso contínuo" no combate aos insurgentes. Apesar disso, defendeu
o segredo -até para o premiê-
de sua viagem ao país dizendo
que "o Iraque é um lugar perigoso". "É uma questão de segurança, porque sou um alvo de
grande valor para alguns."
Na decolagem em Bagdá, anteontem, o avião da Presidência dos EUA percorreu a pista
com todas as suas luzes apagadas. A pista também não tinha
nenhum tipo de iluminação. O
tanque não foi abastecido totalmente para que a aeronave pudesse subir mais rapidamente.
A visita-surpresa causou ontem o protesto, na capital iraquiana, de centenas de radicais
xiitas. Eles empunhavam bandeiras do país, aos gritos de
"Iraque para os iraquianos" e
"não à ocupação".
Ofensiva em Bagdá
Ontem o primeiro-ministro
Nuri al Maliki determinou uma
megaoperação de segurança
em Bagdá, numa tentativa de
conter a violência crescente
que atinge a cidade. Dezenas de
milhares de militares -inclusive da coalizão formada pelos
EUA-, foram às ruas. Foram
instalados diversos pontos de
fiscalização de automóveis, e
ruas e estradas foram tomadas
pelas tropas. Também foi
anunciado que haverá toque de
recolher, das 21h às 6h, mas não
foi especificado o período em
que a medida vigorará.
O número exato de militares
na operação não foi divulgado,
"por questão de segurança",
mas autoridades do país afirmam que é a maior ofensiva do
tipo em Bagdá desde que a soberania voltou às mãos iraquianas, em junho de 2004.
A operação, porém, não impediu que um carro-bomba
matasse quatro pessoas e ferisse mais de dez nem que ocorresse um confronto numa área
de maioria árabe sunita.
Em Azamiyah, sunita, houve
troca de tiros, levando civis a
correr em pânico. O embate
ocorreu próximo à mesquita do
Grande Imã Abu Hanifa, o mais
sagrado local de adoração para
o grupo religioso. Não houve
registro de vítimas.
A maioria das lojas foram fechadas em Azamiyah e Dora,
também de maioria sunita, onde há fortes focos de insurgência contra o governo. No distrito de Karradah, de maioria árabe xiita, tropas iraquianas faziam patrulha a pé, enquanto
carros militares com metralhadoras ficavam nos cruzamentos prontos para atacar.
O premiê Maliki pediu aos
iraquianos que sejam pacientes
com as medidas de segurança e
prometeu que as tropas vão
respeitar os direitos humanos,
sem perseguir nenhum grupo.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Frase Índice
|