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Dinheiro para o Katrina pagou até troca de sexo
Congresso dos EUA aponta fraude em até 16% da verba às vítimas do furacão
Investigação parlamentar estima que o rombo chegue a US$ 1,4 bilhão; agência governamental admite o desvio de US$ 16,8 milhões
Barry Williams - 31.ago.2005/France Presse
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Vítimas do Katrina recebem comida, em Gulf Port, Mississippi |
DA ASSOCIATED PRESS
O governo dos EUA perdeu
até US$ 1,4 bilhão em recursos
destinados às vítimas dos furacões Katrina e Rita, que atingiram o país em 2005, e depois
desviados -é o equivalente a
16% da ajuda financeira.
As fraudes incluem o pagamento de entradas para uma
partida de futebol americano,
férias tropicais, um advogado
especializado em divórcio e até
uma operação para mudança
de sexo, segundo investigação
realizada pelo Congresso.
O advogado Mark Lipkin, de
Houston (Texas), afirma que
não se lembra de ninguém pagando por seus serviços com
um cartão de débito da Fema
(Agência Federal de Gerenciamento de Emergências). Mas
investigadores do Congresso
dizem foi dessa forma que um
de seus clientes pagou uma
conta de US$ 1.000 a ele.
Prisioneiros, uma suposta vítima que usou um cemitério de
Nova Orleans como seu endereço residencial e uma pessoa
que passou 70 dias num hotel
havaiano foram todos capazes
de obter ajuda federal, segundo
a investigação, que arranha ainda mais a imagem da já criticada Fema, acusada de demorar a
reagir ao desastre provocado
pelo Katrina.
Para ilustrar o problema, os
investigadores mostraram aos
congressistas a cópia de um
cheque do Tesouro americano
no valor de US$ 2.358 para auxílio-aluguel, recebido por um
agente disfarçado, que usou um
endereço falso. O dinheiro foi
pago mesmo depois que a Fema
descobriu o agente não vivia no
local que indicou.
Entre as despesas pagas com
cartões da Fema ainda estão:
um semana de férias no resort
Punta Cana, na República Dominicana, cinco ingressos para
a temporada de futebol, vídeos
eróticos "Garotas Enlouquecidas" e garrafas de champanhe
Dom Perignon.
O porta-voz da Fema, Aaron
Walker, disse que a prioridade
da agência na ajuda às vítimas
do furacão Katrina era "conseguir ajuda rapidamente àqueles
que necessitavam desesperadamente" e discorda dos resultados da investigação realizada
pelo Congresso.
A Fema afirma ter identificado mais de 1.500 casos de fraude em potencial, todos encaminhados ao inspetor-geral do
Departamento de Segurança
Interna. O valor dos desvios, no
entanto, teria sido relativamente baixo: US$ 16,8 milhões.
Já o Congresso diz que tem
95% de confiança de que os pagamentos impróprios e potencialmente fraudulentos estejam entre US$ 600 milhões e
US$ 1,4 bilhão.
Bate-boca
Uma representante da Fema
irritou parlamentares ontem
durante uma audiência no
Congresso por ter questionado
a investigação.
Donna Dannels, vice-diretora em exercício para recuperação da Fema, disse que as conclusões do Congresso "representam uma fração do total da
ajuda fornecida".
Numa dura resposta, o deputado Christopher Shays disse a
Dannels que "a quantidade de
fraudes exposta neste relatório
não é refutável".
Outro deputado, Michael
McCaul, que presidiu as investigações, acusou Dannels de
"não responder às alegações de
fraude" durante a audiência.
A resposta de Dannels também foi criticada por Gregory
Kutz, da equipe de investigações. Segundo ele, a Fema tem
problemas em aceitar os resultados da auditoria porque o seu
diretor, R. David Paulison, já
havia dito que a taxa de fraude
era de apenas 2% ou 3%.
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