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Vice dos EUA diz que resultado gera dúvida
Mas segundo Joe Biden, apesar das suspeitas sobre lisura da eleição, governo Obama mantém intenção de dialogar com o Irã
Para ele, conversas são de interesse americano e não uma recompensa por bom comportamento; em países da Europa reação foi crítica
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
O vice-presidente dos EUA,
Joe Biden, afirmou ontem que
ainda existem dúvidas reais sobre o resultado das eleições no
Irã. Apesar disso, em entrevista
à rede de TV NBC, reiterou que
os EUA continuam dispostos a
retomar o diálogo com o Irã.
"Com certeza parece que a
maneira como eles estão abafando os discursos, a maneira
como estão reprimindo as multidões, a maneira com que as
pessoas estão sendo tratadas,
despertam dúvidas reais" sobre
o resultado, afirmou Biden.
Durante a entrevista, Biden
citou, por exemplo, que 70%
dos votos no Irã são provenientes das cidades, onde Ahmadinejad não teria uma votação
muito expressiva. O vice-presidente enfatizou que o país continua a acompanhar o desenrolar dos acontecimentos no Irã.
Segundo ele, a decisão sobre a
retomada do diálogo com o país
já foi tomada.
"Conversas com o Irã não são
uma recompensa por bom
comportamento. São apenas
consequência do fato de que o
presidente julga que é do melhor interesse dos EUA conversar com o regime iraniano.
Nossos interesses são os mesmos, antes e depois da eleição."
Ele citou o fim do apoio ao terrorismo e a questão nuclear.
Desde a noite da última sexta-feira, quando foi anunciada a
reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, o presidente dos EUA, Barack Obama,
ainda não se pronunciou sobre
o assunto. Nos comentários feitos pelos demais representantes do governo americano predomina o tom de cautela.
A secretária de Estado, Hillary Clinton, afirmou no sábado que os EUA acompanham de
perto o vigoroso debate que
ocorreu nas eleições iranianas.
"Nós estamos monitorando a
situação conforme o seu desdobramento no Irã. Mas nós, assim como o restante do mundo,
estamos esperando e observando para ver o que o povo iraniano vai decidir", disse. Acrescentou ainda que espera que o resultado da eleição reflita a vontade do povo iraniano.
Na Europa, os comentários
sobre os resultados foram mais
críticos. O conselheiro político
do presidente da França, Nicolas Sarkozy, Henri Guaino, afirmou que "o que está acontecendo no Irã não é uma boa notícia para ninguém -nem para
os iranianos, nem para a estabilidade e nem para a paz mundial". A União Europeia expressou preocupação como as "alegadas irregularidades" durante
o processo eleitoral e a violência que se seguiu.
O chanceler da Alemanha,
Frank-Walter Steinmeier, afirmou que o procedimento de votação levantou uma série de
questões e disse esperar que as
autoridades em Teerã examinem as acusações de perto e
forneçam explicações satisfatórias.
Para Trita Parsi, presidente
do Conselho Nacional de Irano-Americanos, os EUA estão
evitando um confronto direto
por conta do objetivo de retomada das conversas com o país.
"Ninguém na Casa Branca tinha qualquer expectativa de
que quem quer que vencesse as
eleições trouxesse mudanças
significativas nas manchetes e
na posição iraniana. O que muda com o resultado é o nível de
conforto na busca pela retomada das relações diplomáticas",
disse à CNN. Para ele, o Irã tem
papel essencial por conta da influência na região, sobre países
como Afeganistão e Iraque.
Os resultados da eleição motivaram protestos ontem em
diversas cidades americanas,
como Nova York e Washington,
entre outras. Os manifestantes
carregavam placas exigindo a
recontagem dos votos e dizendo que Ahmadinejad deveria se
envergonhar da "manobra para
vencer a eleição".
Shariar Etminani, um dos
participantes em Washington,
afirmou que decidiu participar
como uma forma de apoio ao
povo iraniano. "Nós fomos esperançosos durante 30 anos e
todas as vezes nossas esperanças foram esmagadas. Só queremos mostrar nosso apoio ao
povo do Irã", disse.
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