São Paulo, segunda-feira, 15 de julho de 2002

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ORIENTE MÉDIO

Alvo de ataque conseguiu escapar do bombardeio, que deixou 5 feridos; suposto colaborador de Israel foi morto

Israel ataca casa de líder do Hamas em Gaza

DA REDAÇÃO

Um caça F-16 de Israel bombardeou a casa de Youssef Abed al Wahab, um dos líderes do grupo extremista islâmico Hamas, em Qarara, no sul da faixa de Gaza. Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas e o local foi destruído. Outros quatro prédios ao redor foram danificados.
Segundo o Exército israelense, o prédio onde morava Wahab também era utilizado para a fabricação de explosivos. O extremista conseguiu escapar do ataque, pois deixou a casa assim que ouviu o barulho do caça israelense se aproximando, segundo testemunhas palestinas.
A ação israelense aconteceu após o assentamento judaico de Kfar Darom ser alvo de disparos de morteiros oriundos de áreas palestinas anteontem à noite, sem deixar vítimas. Nenhum grupo palestino reivindicou o ataque. O assentamento fica a poucos quilômetros de Qarara, local bombardeado ontem por Israel.
O Hamas, de Wahab, já assumiu a autoria de dezenas de atentados contra israelenses nos 21 meses de Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense). Os mais de 70 ataques cometidos dentro de Israel foram realizados por palestinos da Cisjordânia.
Durante o ataque aéreo israelense, os palestinos realizavam em Qarara o julgamento de um suposto colaborador de Israel. Quando o bombardeio começou, os policiais deixaram o local e palestinos entraram e lincharam o suposto colaborador. Mais de 40 palestinos que supostamente colaboravam com Israel já foram mortos por militantes palestinos.
Na Cisjordânia, um palestino de 19 anos foi morto a tiros por forças israelenses no campo de refugiados de Balata. Os militares israelenses entraram no campo para forçar os palestinos a respeitarem o toque de recolher.

Ocupação
Israel ocupa sete das principais cidades palestinas na Cisjordânia desde meados de junho em resposta à onda de atentados em Jerusalém e em um assentamento judaico que deixou mais de 30 israelenses mortos.
Na ofensiva israelense, dezenas de palestinos foram detidos, mais de 30 morreram e grandes quantidades de armamentos e explosivos foram confiscados. Os palestinos estão sob toque de recolher e o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, permanece em seu quartel-general de Ramallah (Cisjordânia) cercado por tanques israelenses.
Autoridades do Exército de Israel afirmaram ontem que um palestino foi detido tentando cruzar a fronteira da Cisjordânia para Israel portando explosivos. Ele estaria disposto a cometer um atentado suicida em Israel.
Segundo a Chancelaria israelense, a prisão demonstra o quanto é importante a presença militar israelense nas áreas palestinas.
"O terrorista tentou disparar contra veículos do Exército, mas acabou rendido e foi interrogado. Em seguida, mostrou onde estava escondendo um cinto-bomba", disse um porta-voz do Exército.

Diálogo
O gabinete do premiê de Israel, Ariel Sharon, divulgou comunicado afirmando que o chanceler Shimon Peres deve se reunir com ministros palestinos partidários de uma reforma na ANP "nos próximos dias".
O tema dos encontros será, assim como na semana passada, a grave situação econômica palestina e a segurança dos israelenses.
O governo de Israel não aceita dialogar com Arafat e exige uma nova liderança "que não esteja comprometida com o terrorismo". O líder palestino nega envolvimento com ações terroristas.
A posição de Israel é compartida pelo governo dos EUA. O presidente americano, George W. Bush, pediu "uma nova e diferente liderança palestina", descartando Arafat de futuras negociações.
Segundo a imprensa israelense, Peres, um dos mais moderados do governo israelense, pretende abordar nos encontros com os palestinos o futuro das negociações de paz, sem a autorização do gabinete de Sharon.
O ministro da Defesa, Binyamin Ben Eliezer, irá para Alexandria (Egito) tentar convencer o presidente egípcio, Hosni Mubarak, de que não é possível negociar com Arafat. O Egito, assim como a Jordânia, já assinou acordo de paz com Israel e é um dos países mais influentes no mundo árabe.
Mubarak foi convidado a ir para Israel. Porém o presidente se recusa a visitar o país enquanto os territórios sob controle da ANP continuarem ocupados. Ao menos 1.444 palestinos e 549 israelenses morreram pela violência desde a eclosão da Intifada.


Com agências internacionais


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