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IRAQUE SOB TUTELA
Segundo comitê parlamentar, governo se apoiou em informações falhas, mas não teve a intenção de enganar
Relatório sobre Iraque exime Blair de erro
DA REDAÇÃO
O governo britânico se apoiou
em informações falhas para construir sua argumentação a favor da
Guerra do Iraque, mas "não há
por que duvidar da boa-fé do premiê Tony Blair", disse ontem um
aguardado relatório de uma comissão investigativa da Câmara
dos Lordes. Mesmo eximido, o
premiê disse ter "total responsabilidade pessoal pelos erros cometidos".
"Todo mundo tentou, genuinamente, fazer o seu melhor em boa
fé pelo país em circunstâncias de
dificuldade agudas", disse Blair.
Apesar de poupar o governo e
suas agências de informações, o
Relatório Butler -o documento
recebeu o nome do chefe da comissão que o preparou- critica o
estilo "informal" do gabinete de
Blair, que coloca em risco a consistência das decisões e dos julgamentos políticos do governo.
A conclusão de que a suposta
ameaça representada pelo Iraque
se amparou em informações precárias é semelhante à de um comitê bipartidário do Senado dos
EUA em documento divulgado
na semana passada, mas, ao contrário da americana, a britânica
eximiu o processo de coleta de informações do governo.
"Não achamos provas para
questionar a boa-fé do premiê",
disse lorde Butler. O relatório
conclui que "o Iraque não tinha
uma arsenal significativo de armas de destruição em massa" e
que "foi dado peso demais às informações", embora "não tenha
havido a intenção deliberada, por
parte do governo, de induzir ao
erro de julgamento".
"Ninguém mentiu. Ninguém
inventou informações. Ninguém
acrescentou coisas no dossiê contra a recomendação dos serviços
de inteligência", disse Blair após a
apresentação do documento.
Já o líder Conservador (oposição), Michael Howard, disse que
o premiê "deveria se perguntar se
lhe restou alguma credibilidade."
O relatório, de 196 páginas, é o
resultado final do trabalho de
uma comissão de cinco membros
da Câmara dos Lordes (Câmara
Alta do Parlamento) que analisou
as informações que levaram à
guerra e seu processo de coleta,
tendo entrevistado Blair e membros de sue gabinete.
Vitória de Blair
Mesmo apontando erros, o documento foi considerado por analistas como uma vitória de Blair ao
absolvê-lo da principal acusação
sofrida por seu governo em relação à guerra -a de ter esquentado as informações dos serviços de
inteligência sobre o Iraque a fim
de obter maior apoio à invasão.
O premiê, que pretende disputar um terceiro mandato e deve
convocar eleições em 2005, tem
visto sua popularidade e sua credibilidade entre os eleitores caírem desde que, contrariando boa
parte da opinião pública, decidiu
acompanhar os EUA na invasão
do Iraque alegando que as supostas armas de destruição em massa
de Bagdá, não encontradas até
agora, eram uma ameaça iminente ao país. O próprio Blair reconheceu recentemente que elas dificilmente serão encontradas.
O governo Blair se envolveu em
uma longa disputa com a rede estatal de rádio e TV BBC, no ano
passado, por causa de uma reportagem que o acusava de "apimentar" o dossiê sobre armas iraquianas apresentado ao Parlamento
em setembro de 2002, no qual era
enfatizada a capacidade de Bagdá
de acionar armas de destruição
em massa em apenas 45 minutos.
Investigações parlamentares eximiram o governo e uma audiência interna criticou o procedimento da BBC.
O relatório divulgado ontem
também coloca panos quentes sobre a alegação dos 45 minutos e
diz que ela não foi uma distorção
do governo. Mas Butler afirmou
que o gabinete deveria ter esclarecido que a pronta capacidade de
acionar armas referia-se apenas a
munições em campo de batalha,
representando um risco limitado.
Do jeito que foi usada, disse o lorde, a informação parecia ter o
propósito de atrair atenção.
Com agências internacionais
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