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ITÁLIA
Premiê não acalma aliados e sofre derrota em voto sobre a Rai no Parlamento
Ameaçado, Berlusconi perde votação
DA REUTERS
O premiê da Itália, Silvio Berlusconi, buscou ontem pôr fim às
divisões que ameaçam a estabilidade da coalizão que apóia seu
governo, oferecendo concessões
aos democrata-cristãos, e disse
esperar permanecer no poder até
o final de seu mandato de cinco
anos, em 2006.
Mas sua tentativa de acalmar
seus aliados foi minada pela
União Democrática do Centro
(UDC, partido democrata-cristão), que desafiou seus parceiros
do governo e apoiou a oposição
em seu esforço para depor o conselho de administração da influente rede de rádio e TV RAI.
Na Câmara Baixa do Parlamento, Berlusconi, visivelmente preocupado, prometeu modificar seus
planos de cortar impostos, reformar o sistema eleitoral e buscar
um novo ministro da Economia.
Tudo isso para reconquistar o
apoio dos democrata-cristãos.
"Tenho certeza de que saberemos reencontrar o ímpeto necessário para cumprir a promessa
que fizemos aos italianos", disse.
Partidos oposicionistas de centro-esquerda criticaram a intervenção do premiê, que ocorreu
pouco mais de uma hora depois
da votação para remover o conselho de administração da RAI.
Com os votos da UDC, a oposição
conseguiu vencer o governo.
A UDC tem dito que os diretores da RAI são favoráveis demais
ao governo Berlusconi e que uma
recente reforma das leis que regulam as telecomunicações fez com
que uma mudança no conselho
de administração da rede fosse
necessária. Desde que assumiu o
poder, em 2001, Berlusconi é acusado de buscar controlar a mídia
italiana, já que possui as maiores
redes de TV privadas e, como premiê, controla a estatal RAI.
Outro partido de sua coalizão, a
populista Liga Norte, disse que a
votação sobre o conselho de administração da RAI significava
que Berlusconi não tinha mais
maioria no Parlamento para sustentar seu governo.
"A maioria parlamentar não
existe mais. Berlusconi deveria fazer algo a respeito disso", disse o
ministro do Trabalho, Roberto
Maroni, que é da Liga Norte.
A UDC insistiu em que a questão da remoção do conselho de
administração da RAI não tem
nada a ver com seus problemas
com Berlusconi, argumentando
que, com ela, não pretendia derrubar o governo.
Suas exigências atingem o coração do governo, já que incluem
uma ameaça à Liga Norte, que
quer uma maior descentralização
administrativa. Esta daria bem
mais força à regiões em detrimento do poder central. Os democrata-cristãos, que são mais centralizadores, exigem que esse projeto
seja abandonado.
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