São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2004

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ITÁLIA

Premiê não acalma aliados e sofre derrota em voto sobre a Rai no Parlamento

Ameaçado, Berlusconi perde votação

DA REUTERS

O premiê da Itália, Silvio Berlusconi, buscou ontem pôr fim às divisões que ameaçam a estabilidade da coalizão que apóia seu governo, oferecendo concessões aos democrata-cristãos, e disse esperar permanecer no poder até o final de seu mandato de cinco anos, em 2006.
Mas sua tentativa de acalmar seus aliados foi minada pela União Democrática do Centro (UDC, partido democrata-cristão), que desafiou seus parceiros do governo e apoiou a oposição em seu esforço para depor o conselho de administração da influente rede de rádio e TV RAI.
Na Câmara Baixa do Parlamento, Berlusconi, visivelmente preocupado, prometeu modificar seus planos de cortar impostos, reformar o sistema eleitoral e buscar um novo ministro da Economia. Tudo isso para reconquistar o apoio dos democrata-cristãos.
"Tenho certeza de que saberemos reencontrar o ímpeto necessário para cumprir a promessa que fizemos aos italianos", disse.
Partidos oposicionistas de centro-esquerda criticaram a intervenção do premiê, que ocorreu pouco mais de uma hora depois da votação para remover o conselho de administração da RAI. Com os votos da UDC, a oposição conseguiu vencer o governo.
A UDC tem dito que os diretores da RAI são favoráveis demais ao governo Berlusconi e que uma recente reforma das leis que regulam as telecomunicações fez com que uma mudança no conselho de administração da rede fosse necessária. Desde que assumiu o poder, em 2001, Berlusconi é acusado de buscar controlar a mídia italiana, já que possui as maiores redes de TV privadas e, como premiê, controla a estatal RAI.
Outro partido de sua coalizão, a populista Liga Norte, disse que a votação sobre o conselho de administração da RAI significava que Berlusconi não tinha mais maioria no Parlamento para sustentar seu governo.
"A maioria parlamentar não existe mais. Berlusconi deveria fazer algo a respeito disso", disse o ministro do Trabalho, Roberto Maroni, que é da Liga Norte.
A UDC insistiu em que a questão da remoção do conselho de administração da RAI não tem nada a ver com seus problemas com Berlusconi, argumentando que, com ela, não pretendia derrubar o governo.
Suas exigências atingem o coração do governo, já que incluem uma ameaça à Liga Norte, que quer uma maior descentralização administrativa. Esta daria bem mais força à regiões em detrimento do poder central. Os democrata-cristãos, que são mais centralizadores, exigem que esse projeto seja abandonado.


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