São Paulo, sábado, 15 de julho de 2006

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Hizbollah declara "guerra total" a Israel

No 3º dia da ofensiva, Exército israelense bombardeia quartel-general do grupo, que responde com novos disparos de foguetes

Mortos já são 71, sendo que 67 no lado libanês; navio de guerra que atacava posições do Hizbollah é atingido por aeronave na costa da capital


MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE HAIFA (ISRAEL)

A Força Aérea de Israel destruiu ontem o quartel-general do grupo terrorista Hizbollah em um bairro de maioria xiita no sul de Beirute e a casa do líder da organização, Hassan Nasrallah, mas ele não estava no local e declarou "guerra aberta" ao país logo em seguida.
O ataque israelense ao comando do Hizbollah matou quatro civis e feriu pelo menos 15. O Hizbollah respondeu com novos disparos de morteiros contra Israel, que mataram mais duas pessoas, uma mulher e seu neto de quatro anos. O número de vítimas civis chegou a 67 no lado libanês, incluindo uma família brasileira, e a quatro em Israel, com centenas de feridos nos dois países.
"Vocês quiseram uma guerra aberta e nós estamos preparados para uma guerra aberta", disse Nasrallah ao canal de televisão Al Manar, do Hizbollah, logo depois do ataque. "Vocês escolheram uma guerra total com um país que tem capacidade, experiência e coragem."
Nasrallah também prometeu atacar a cidade de Haifa, a terceira maior de Israel. Um foguete Katyusha caiu no centro de Haifa na quinta-feira, e o Hizbollah negou responsabilidade. Nasrallah disse que os libaneses podem render-se, ou "terem fé em Alá e na vitória".
Após o bombardeio a seu QG, o Hizbollah atacou uma corveta israelense na costa de Beirute que participara dos bombardeios ao aeroporto internacional da cidade. O grupo teria usado uma aeronave não-tripulada com explosivos, ou mísseis disparados da orla.
"As surpresas que eu prometi vão começar agora. Neste momento, no meio do mar, de frente para Beirute, o navio de guerra israelense que atacou a infra-estrutura, as casas das pessoas e civis - vejam-no queimando", disse o líder do grupo islâmico, que até agora vinha usando os Katyushas como principal arma.
"Vai afundar, junto com dezenas de soldados sionistas."
A Marinha israelense confirmou que o barco foi atingido, mas não anunciou o número de mortos e feridos. Há informações de que quatro marinheiros estão desaparecidos.
Nasrallah falou à televisão poucos minutos depois de uma entrevista do chefe do Estado-Maior israelense, Dan Halutz, em Tel Aviv. Ele repetiu que a operação não tem prazo definido para terminar.
"Ainda não atingimos todos os alvos do Hizbollah", disse Halutz, que acredita que o Hizbollah tenha foguetes com alcance de até 70 quilômetros ou mais - o suficiente para colocar cidades próximas a Tel Aviv no raio das bombas.
Sobre a eficácia da campanha contra o grupo, o general afirmou: "Não prometemos evitar todos os disparos do Hizbollah, mas podemos reduzi-los substancialmente".

Irã e Síria
Halutz não espera o envolvimento direto da Síria e do Irã no conflito e estima que os soldados seqüestrados pelo Hizbollah estejam em condições "razoáveis". Israel iniciou a campanha de ataques por terra, mar e ar contra alvos do Hizbollah e a infra-estrutura libanesa depois que o grupo terrorista matou oito soldados e seqüestrou dois em ação no território israelense na quarta-feira.
Em entrevista à CNN, o premiê libanês, Fouad Siniora, disse que a ação israelense é "desproporcional" e voltou a pedir um "cessar-fogo imediato". Para ele, o Líbano está sendo castigado injustamente. "O governo libanês indicou claramente que não tinha informações sobre a operação [do Hizbollah]."
Aviões de Israel bombardearam durante todo o dia pontes, uma central elétrica e vias de acesso à estrada entre Beirute e Damasco, completando o bloqueio ao Líbano, que o governo de Ehud Olmert considera responsável pela situação, por não reprimir o Hizbollah, que domina o sul libanês.
A pista do Aeroporto Internacional de Beirute, que já estava fora de operação por ataques no dia anterior, voltou a ser atingida. Os últimos aviões receberam permissão para decolar, vazios, para a Jordânia.
O Exército de Israel disse que atacou ainda três postos de gasolina ao sul de Sidon, um estoque de armas a leste de Beirute e duas bases perto da fronteira.
Nos ataques do grupo islâmico ontem, pelo menos oito cidades e comunidades na Galiléia foram alvos de Katyushas. Em Tzfat, um deles acertou um prédio e 12 civis ficaram feridos, um com gravidade. Na aldeia de Meron, uma família foi atingida em casa. A avó e o neto de quatro anos morreram, e os pais e irmãos da criança ficaram feridos.
Dezenas de pessoas sofreram crises nervosas depois das explosões. Outras fugiram para cidades na região central de Israel. Mais de 1 milhão de pessoas receberam instruções da Defesa Civil para ficar em abrigos subterrâneos no norte de Israel.


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