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Hizbollah declara "guerra total" a Israel
No 3º dia da ofensiva, Exército israelense bombardeia quartel-general do grupo, que responde com novos disparos de foguetes
Mortos já são 71, sendo que
67 no lado libanês; navio de
guerra que atacava posições do Hizbollah é atingido por
aeronave na costa da capital
MICHEL GAWENDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE HAIFA (ISRAEL)
A Força Aérea de Israel destruiu ontem o quartel-general
do grupo terrorista Hizbollah
em um bairro de maioria xiita
no sul de Beirute e a casa do líder da organização, Hassan
Nasrallah, mas ele não estava
no local e declarou "guerra
aberta" ao país logo em seguida.
O ataque israelense ao comando do Hizbollah matou
quatro civis e feriu pelo menos
15. O Hizbollah respondeu com
novos disparos de morteiros
contra Israel, que mataram
mais duas pessoas, uma mulher
e seu neto de quatro anos. O número de vítimas civis chegou a
67 no lado libanês, incluindo
uma família brasileira, e a quatro em Israel, com centenas de
feridos nos dois países.
"Vocês quiseram uma guerra
aberta e nós estamos preparados para uma guerra aberta",
disse Nasrallah ao canal de televisão Al Manar, do Hizbollah,
logo depois do ataque. "Vocês
escolheram uma guerra total
com um país que tem capacidade, experiência e coragem."
Nasrallah também prometeu
atacar a cidade de Haifa, a terceira maior de Israel. Um foguete Katyusha caiu no centro
de Haifa na quinta-feira, e o
Hizbollah negou responsabilidade. Nasrallah disse que os libaneses podem render-se, ou
"terem fé em Alá e na vitória".
Após o bombardeio a seu QG,
o Hizbollah atacou uma corveta israelense na costa de Beirute que participara dos bombardeios ao aeroporto internacional da cidade. O grupo teria
usado uma aeronave não-tripulada com explosivos, ou mísseis
disparados da orla.
"As surpresas que eu prometi
vão começar agora. Neste momento, no meio do mar, de
frente para Beirute, o navio de
guerra israelense que atacou a
infra-estrutura, as casas das
pessoas e civis - vejam-no
queimando", disse o líder do
grupo islâmico, que até agora
vinha usando os Katyushas como principal arma.
"Vai afundar, junto com dezenas de soldados sionistas."
A Marinha israelense confirmou que o barco foi atingido,
mas não anunciou o número de
mortos e feridos. Há informações de que quatro marinheiros
estão desaparecidos.
Nasrallah falou à televisão
poucos minutos depois de uma
entrevista do chefe do Estado-Maior israelense, Dan Halutz,
em Tel Aviv. Ele repetiu que a
operação não tem prazo definido para terminar.
"Ainda não atingimos todos
os alvos do Hizbollah", disse
Halutz, que acredita que o Hizbollah tenha foguetes com alcance de até 70 quilômetros ou
mais - o suficiente para colocar cidades próximas a Tel Aviv
no raio das bombas.
Sobre a eficácia da campanha
contra o grupo, o general afirmou: "Não prometemos evitar
todos os disparos do Hizbollah,
mas podemos reduzi-los substancialmente".
Irã e Síria
Halutz não espera o envolvimento direto da Síria e do Irã
no conflito e estima que os soldados seqüestrados pelo Hizbollah estejam em condições
"razoáveis". Israel iniciou a
campanha de ataques por terra,
mar e ar contra alvos do Hizbollah e a infra-estrutura libanesa
depois que o grupo terrorista
matou oito soldados e seqüestrou dois em ação no território
israelense na quarta-feira.
Em entrevista à CNN, o premiê libanês, Fouad Siniora, disse que a ação israelense é "desproporcional" e voltou a pedir
um "cessar-fogo imediato". Para ele, o Líbano está sendo castigado injustamente. "O governo libanês indicou claramente
que não tinha informações sobre a operação [do Hizbollah]."
Aviões de Israel bombardearam durante todo o dia pontes,
uma central elétrica e vias de
acesso à estrada entre Beirute e
Damasco, completando o bloqueio ao Líbano, que o governo
de Ehud Olmert considera responsável pela situação, por não
reprimir o Hizbollah, que domina o sul libanês.
A pista do Aeroporto Internacional de Beirute, que já estava fora de operação por ataques no dia anterior, voltou a
ser atingida. Os últimos aviões
receberam permissão para decolar, vazios, para a Jordânia.
O Exército de Israel disse que
atacou ainda três postos de gasolina ao sul de Sidon, um estoque de armas a leste de Beirute
e duas bases perto da fronteira.
Nos ataques do grupo islâmico ontem, pelo menos oito cidades e comunidades na Galiléia foram alvos de Katyushas.
Em Tzfat, um deles acertou um
prédio e 12 civis ficaram feridos, um com gravidade. Na aldeia de Meron, uma família foi
atingida em casa. A avó e o neto
de quatro anos morreram, e os
pais e irmãos da criança ficaram feridos.
Dezenas de pessoas sofreram
crises nervosas depois das explosões. Outras fugiram para
cidades na região central de Israel. Mais de 1 milhão de pessoas receberam instruções da
Defesa Civil para ficar em abrigos subterrâneos no norte de
Israel.
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