São Paulo, sábado, 15 de julho de 2006

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Oriente Médio e liberdades dominam a agenda do G8

Grupo dos países mais ricos se reúne até segunda em São Petesburgo, na Rússia

Em jantar com Putin, Bush fala sobre valores da democracia; Lula chega hoje como convidado e traz uma pauta mais comercial


Alexander Nemenov/France Presse
Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin (à dir.) e dos EUA, George W. Bush, conversam em Strelna, perto de São Petersburgo


FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A SÃO PETERSBURGO

O acirramento da tensão no Oriente Médio, após os ataques de Israel contra alvos civis no Líbano e em Gaza, deve dominar hoje o primeiro dia do encontro do G8 em São Petersburgo, na Rússia.
As oito maiores potências mundiais (Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Japão, Canadá e Rússia) já concordaram em isolar o Hamas, até que o grupo terrorista islâmico abra mão de suas ações armadas e reconheça o direito à existência de Israel.
O Oriente Médio já fazia parte da agenda do encontro, assim como Irã, Coréia do Norte e terrorismo, além de assuntos relacionados à educação, comércio mundial e energia. Esse último tema foi escolhido como central pela Rússia.
A questão das liberdades individuais na Rússia também deve ser abordada no encontro, mesmo que indiretamente. Ontem, ao chegar à Rússia e para marcar posição, o presidente George W. Bush (EUA) participou de reunião com representantes de organizações russas e internacionais preocupadas com os direitos humanos.
Mais tarde, o presidente americano jantou com o presidente russo, Vladimir Putin. Voltou a abordar a questão da democracia, embora o anfitrião insistisse em discutir a adesão russa à OMC (Organização Mundial do Comércio).
Mas, com a escalada entre israelenses e árabes e o preço do barril do petróleo se mantendo há meses em níveis recordes, o Oriente Médio tende a dominar o encontro de cúpula.
O grande obstáculo para a estratégia de isolamento do Hamas, embora sem o apoio declarado da Rússia, é como ajudar atualmente os palestinos.
O Brasil e outros quatro países em desenvolvimento (China, Índia, México e África do Sul) também foram convidados para a reunião do G8.

Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega hoje à tarde a São Petersburgo. A prioridade de sua agenda é comercial.
Lula terá encontros paralelos com os representantes dos outros países emergentes para tentar forçar Europa e EUA a melhorarem a atual oferta de acesso a seus mercados agrícolas nas negociações em curso na OMC. O presidente brasileiro deve tratar do assunto com seu colega norte-americano, George W. Bush, na segunda, último dia do encontro.
Apesar das prioridades do Brasil, o Irã e a Coréia do Norte também estarão no topo da lista de discussões do G8.
Há a oferta ao Irã, que ficou sem resposta, de incentivos nas áreas comercial e tecnológica em troca da suspensão de seu programa de enriquecimento de urânio. A questão nuclear também está ligada diretamente à Coréia do Norte, que realizou testes de lançamento de mísseis no início desse mês.
Enquanto a maioria dos membros do G8 quer a volta das negociações com a Coréia do Norte, EUA e Japão defendem a adoção, pelo Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução que imponha sanções.


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