São Paulo, terça-feira, 15 de julho de 2008

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Após "guinada à direita", margem de Obama se esvai

Pesquisa da "Newsweek" mostra que diferença sobre McCain cai de 15 para 3 pontos

Charge na capa da "New Yorker" mostrando Obama de muçulmano com foto de Bin Laden no Salão Oval é criticada até por McCain


"The New Yorker"/France Presse
Capa da "New Yorker" virou alvo de crítica dos blogs políticos

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Uma pesquisa da revista "Newsweek" indica queda abrupta no favoritismo do democrata Barack Obama sobre o republicano John McCain nas eleições presidenciais dos Estados Unidos. A diferença caiu de 15 pontos percentuais (51% a 36%), no dia 20 de junho, para três pontos percentuais (44% a 41%), nos últimos dias.
Outras duas consultas recentes confirmam o estreitamento da vantagem do democrata, que cai para a margem de erro. O instituto Gallup diz que Obama lidera por três pontos percentuais; o Rasmussen, por um.
Na imprensa americana, inclusive na "Newsweek", a queda na preferência nacional foi creditada em grande parte à impressão (apontada por 53% dos eleitores) de que, após vencer as primárias democratas, o candidato "virou a casaca" em sua visão sobre temas-chave da campanha com o intuito de parecer mais conservador e conquistar eleitores independentes, de visão mais moderada.
Criticado por analistas e pela oposição, Obama havia suspendido na semana passada sua série de declarações que sinalizavam, politicamente, passos à direita, com visões mais conservadoras ao tratar de temas como pena de morte e aborto. Ele também deu a entender que revisaria seu cronograma de 16 meses para tirar as tropas dos EUA do Iraque -algo que depois negou que cogite fazer.
O resultado foi que, antes do seu lado (48% a 36%, em junho) os independentes agora apoiam McCain (41% a 34%), segundo a pesquisa.
Mas a consulta da "Newsweek"- que ouviu 1.209 eleitores nos últimos dias 9 e 10 e que tem margem de erro de três pontos percentuais em ambas as direções- oferece ao menos um dado positivo para Obama. Mostra que o candidato democrata tem eleitores mais fiéis (que se dizem certos do voto) que o rival, 61% contra 39%.
As pesquisas de preferência nacional não mostram, necessariamente, qual candidato tem mais chances de vencer as eleições, dado o sistema eleitoral peculiar dos EUA, onde vence quem conseguir mais votos no Colégio Eleitoral -os votos são distribuídos como um "pacote fechado" de acordo com a vitória em cada Estado. Assim, em 2000, George W. Bush venceu o democrata Al Gore no colégio eleitoral, mesmo perdendo a votação popular.

"New Yorker"
Obama se viu também no centro de mais uma polêmica, que reavivou a acusação de que é antipatriótico e também a desconfiança de que, apesar de se dizer cristão, siga doutrina muçulmana.
A célebre revista "New Yorker" publicou em sua capa ilustração de Obama com roupas típicas do islã, sua mulher Michelle com metralhadora nas costas, um quadro do terrorista Osama bin Laden na parede e bandeira americana queimando na lareira do Salão Oval.
A revista -de linha editorial progressista e crítica ao atual governo- disse que se trata de uma sátira da imagem construída pelos opositores de Obama. Não foi o que achou a blogosfera, onde explodiram críticas, nem a campanha de Obama, que a definiu como "ofensiva e de mau gosto". Até o rival McCain chamou a ilustração de "inapropriada".
A pesquisa da "Newsweek" indica que a impressão, exagerada em sátira pela revista, é compartilhada por parte dos eleitores: 26% pensam erroneamente que Obama, que tem avô muçulmano, foi criado na religião.


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