São Paulo, sexta-feira, 15 de julho de 2011

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Obama dá ultimato para elevar a dívida americana

Republicanos dizem que presidente deixou reunião de líderes anteontem

Governo e oposição têm só mais três semanas para fechar um acordo antes de suspender o pagamento de contas

ÁLVARO FAGUNDES

DE NOVA YORK

Faltando menos de três semanas para que os EUA cheguem a um acordo sobre o teto da dívida, o presidente Barack Obama abandonou a reunião de líderes na noite de anteontem para resolver o impasse e, segundo a oposição, disse que chegou ao limite das negociações. "Isso pode derrubar meu governo, mas não vou ceder", disse Obama, na versão dos republicanos, antes de deixar a sala abruptamente. O presidente teria ficado insatisfeito com a proposta de uma solução de curto prazo para o teto da dívida.
Já a Casa Branca afirmou que a saída de Obama ocorreu quando o encontro caminhava para o seu final e que é um "disparate" a afirmação de que ele deixou a reunião de supetão.
O encontro de lideranças ocorreu depois que a agência de classificação de risco Moody's ameaçou rebaixar a nota da dívida americana, o que pode ter graves repercussões não só na economia americana como na global.
Ontem foi a vez de a Standard & Poor's dizer que é de ao menos 50% a probabilidade de rebaixar a nota americana nos próximos 90 dias, apesar de afirmar que acredita ser pequena -ainda que crescente- a chance de os EUA darem calote.
O aumento das tensões entre os dois partidos ocorre à medida em que se aproxima o prazo, dado pelo próprio governo, para manter suas contas em dia sem a elevação do teto: 2 de agosto.
Os EUA chegaram em maio ao limite imposto pelo Congresso para sua dívida, US$ 14,3 trilhões, e, graças a algumas manobras governamentais, ainda conseguem captar dinheiro no mercado. Os gastos têm superado mensalmente a arrecadação, e o governo terá de escolher o que deixará de pagar.
Uma hipótese é não honrar seus compromissos com os investidores em títulos do Tesouro, no que seria o primeiro calote dos EUA com esse tipo de papel, que é considerado o mais seguro e referência no mercado global.
Por isso, investidores do mundo todo estão de olho nas reuniões entre governo e oposição que têm ocorrido diariamente desde domingo. Um acordo é fundamental porque os republicanos têm maioria na Câmara dos Representantes (deputados), enquanto a situação comanda o Senado. A questão é quem vai ceder primeiro, já que Obama deu até hoje para os líderes dos dois partidos chegarem a um acordo.
As negociações estão travadas porque a oposição quer cortes nos gastos públicos mais profundos do que os defendidos pelos democratas. Já o governo quer elevar os impostos sobre os mais ricos.


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