São Paulo, terça-feira, 15 de agosto de 2000


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CONVENÇÃO
Presidente e primeira-dama discursariam ontem em Los Angeles; esperava-se que fossem "gentis" com vice
Gore teme ser eclipsado pelos Clinton

Associated Press
O vice-presidente e candidato democrata, Al Gore, corrige o discurso que fará na convenção do partido antes de deixar Cleveland


ANDREW GUMBEL
DO "THE INDEPENDENT", EM LOS ANGELES

O presidente dos EUA, Bill Clinton, preparava-se para discursar ontem à noite na convenção do Partido Democrata, em Los Angeles, dividido entre seu passado recente (e seus escândalos) e a obrigação de apoiar o homem que pode vir a sucedê-lo na Casa Branca, o vice-presidente dos EUA e candidato democrata, Al Gore.
Aqui, na ensolarada e cobiçada Califórnia, Clinton iria falar para sua platéia favorita: estrelas de cinema de Hollywood, políticos badalados de seu partido e bilionários filantrópicos.
No final de semana, Clinton já havia deixado escapar algumas lágrimas em razão de homenagens proferidas por estrelas do cinema.
Anteontem foi sua vez de agradecer o apoio do partido e de usar seu grande carisma e sua eloquência incomparável para fazer decolar a campanha democrata.
"Dêem a Al Gore e a Joseph Lieberman (candidato a vice) a chance de governar o país e vocês verão que o melhor ainda está por vir", disse Clinton a um grupo de financiadores do partido. Todos esperavam que seu discurso de ontem à noite seguisse a mesma linha.
Mas, se Clinton se sente em casa em Los Angeles, o mesmo não pode ser dito de Gore. O ambiente competitivo e moralmente ambíguo da Costa Oeste norte-americana pode ser um espelho dos anos Clinton na Casa Branca, mas dificilmente se adapta ao estilo de Gore e de Lieberman.
A tensão entre Gore e a família Clinton tem sido clara desde que eles assumiram o governo, há quase oito anos.
Nos últimos dias, quando os Clinton foram festivamente saudados por Hollywood, os assessores de Gore passaram a ter uma nova preocupação: a de que o vice-presidente possa ser eclipsado por Bill e Hillary.
Ontem à noite, esperava-se que tanto o discurso de Bill quanto o de Hillary fossem "surpreendentemente gentis" em relação a Gore e a Lieberman.
Mas isso não diminuía o risco de que, apenas sorrindo e pronunciando algumas palavras, o presidente relegasse seu vice ao segundo plano.

"Egoísmo indescritível"
Na verdade, os assessores de Gore não estão nada satisfeitos com a candidatura de Hillary ao Senado pelo Estado de Nova York. "É um ato de um egoísmo indescritível", segundo um secretário da campanha do vice-presidente, que pode diminuir a atenção dada a Gore e as doações para sua campanha presidencial.
O fato de os Clinton terem passado o final de semana na Califórnia tentando levantar dinheiro para a campanha de Hillary e para uma biblioteca que o presidente deseja abrir depois que deixar a Casa Branca, e não para a chapa Gore-Lieberman, não ajudou a melhorar a situação.
Porém os democratas não estão tentando fingir, como fizeram os republicanos há duas semanas na Filadélfia, que estão totalmente unidos.
Há muitas dúvidas dentro do partido. Alguns preferem o apoio do empresariado. Outros optam pelos sindicatos. Uns querem privilegiar a classe média; outros, os trabalhadores pobres.
Apesar de a indicação de Lieberman para candidato a vice ter sido bem aceita pelo partido, esta semana é decisiva para o candidato democrata.
A convenção determinará se Gore pode se firmar como líder do partido, e sua reação ao discurso de despedida de Clinton será seu primeiro grande teste.


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