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São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2003

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APAGÃO AMERICANO

Hipóteses para a causa incluem queda de raio e curto-circuito; medo de atentado atemoriza NY

Grande blecaute leva caos ao leste dos EUA

Louis Lanzano/Associated Press
Nova-iorquinos saem dos prédios da avenida Madison durante o blecaute que atingiu os EUA


ROBERTO DIAS
DE NOVA YORK

Um grande blecaute atingiu na tarde de ontem uma parte significativa da região nordeste dos EUA e um pedaço do Canadá.
O apagão, considerado o maior da história dos EUA, causou caos principalmente em Nova York, pois havia medo de que tivesse sido um ataque terrorista -a cidade ainda está traumatizada pelos atentados do 11 de Setembro.
Cerca de quatro horas depois do blecaute, o governo canadense disse que sua causa seria um raio que atingiu uma central elétrica dos EUA na região fronteiriça de Niágara. Funcionários da central, porém, negaram, de acordo com a agência Associated Press.
O presidente americano, George W. Bush, afirmou: "Isso não foi um ato terrorista". A Casa Branca mobilizou uma força de assistência nacional para atender as regiões atingidas. Bush disse ter ordenado uma investigação para saber por que a extensão do problema foi tão grande.
Antes da versão canadense, a agência reguladora federal de energia dos EUA havia culpado um curto-circuito num transformador na rua 14, em Manhattan. Depois, veio a versão de falha na distribuição no Canadá.
O apagão atingiu os Estados de Nova York, Nova Jersey, Connecticut, Massachusetts, Vermont, Pensilvânia, Ohio e Michigan. No Canadá, as cidades de Toronto e Ottawa, em Ontário, foram afetadas. A área abrangida tem uma população de cerca de 50 milhões.
Como medida de segurança para evitar instabilidade no sistema, sete usinas nucleares foram fechadas em outras partes do país.
Na cidade de Nova York, a população lotou quiosques para comprar água potável, uma das principais recomendações dadas por autoridades como proteção a ataques terroristas. Pelo rádio, as pessoas eram aconselhadas a encher suas banheiras para o caso de as bombas de água pararem.
Além disso, recomendava-se que a população não usasse as geladeiras, de forma a preservar os alimentos por mais tempo. Velas sumiram dos supermercados.
O apagão começou por volta das 16h, no horário da Costa Leste dos EUA (17h em Brasília), no início do horário de saída do trabalho. Pouco antes, a temperatura em Nova York era de 33C, o que pode ter contribuído para uma sobrecarga do sistema de energia elétrica, em razão do uso excessivo de aparelhos de refrigeração.
Sem energia, os semáforos e o metrô nova-iorquinos pararam, deixando caóticas as ruas da cidade. Os celulares também ficaram mudos, e grandes filas se formaram nos telefones públicos. Os três aeroportos de Nova York reduziram a operação por horas.
Houve muita desinformação. Quem tinha rádio com pilhas saiu às ruas e virou "informante" das pessoas que passavam.
Nas ruas, policiais não sabiam explicar às pessoas a causa do apagão e tampouco sua extensão.
Com a popularidade em baixa, o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, deixou seu gabinete e andou até a ponte do Brooklyn para acalmar as pessoas.
Uma hora e 40 minutos depois do início do blecaute, Bloomberg anunciou que a energia estava começando a ser restabelecida, mas ainda iria levar tempo.
Pouco depois, a companhia de energia elétrica informou que o fornecimento não voltaria antes da meia-noite. Não houve registros de saques, crimes e vítimas.
"O suprimento de água está seguro. Vocês têm de desligar seus equipamentos elétricos", disse Bloomberg. "Vá a um restaurante, sente-se e tome água", aconselhou. E completou: "As pessoas estão cooperando".
A cidade de Nova York não tinha um blecaute semelhante desde o final dos anos 70. "Este é um novo teste para os nova-iorquinos", afirmou o prefeito.


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