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Anarquia do Sudeste Asiático favorece o terror
DO "LE MONDE"
A Indonésia e as Filipinas são
arquipélagos em que milícias civis
aparecem regularmente. Suas
fronteiras marítimas são incontroláveis -o que contribui para a
existência de traficantes de drogas, de seres humanos e de armas-, e suas Forças Armadas,
mal pagas e pessimamente equipadas, enfrentam insurreições separatistas, étnicas ou políticas.
Só um terço do dinheiro usado
para financiar o Exército indonésio provém do Orçamento do governo. O restante do dinheiro
vem de fundações e do comércio.
Seus soldados são obrigados a viver em acampamentos militares.
No sul das Filipinas, no qual há
movimentos separatistas islâmicos, os militares também não estão preparados para enfrentar os
rebeldes, para quem a guerrilha e,
às vezes, o banditismo se tornaram um meio de vida.
Essas condições precárias e a
corrupção que as acompanha servem a muita gente: daqueles que
destroem ilegalmente as florestas
indonésias aos pequenos grupos
de bandidos -que sequestram
estrangeiros ou cidadãos importantes para obter dinheiro. Este financia a ação de grupos radicais.
Não é difícil ver que os combatentes do Jemaah Islamiyah, grupo terrorista regional, tiram proveito da situação, fazendo avançar
sua causa e cometendo atentados.
Durante alguns anos, o Jemaah
Islamiyah, cujos dirigentes foram
formados no Afeganistão ao lado
de membros do Taleban e da Al
Qaeda, controlou campos de treinamento na ilha de Mindanao
(no sul das Filipinas), no pequeno
arquipélago indonésio de Sulawesi e na ilha de Java (na Indonésia).
A caçada a seus membros só começou em 2001, com uma série de
detenções em Cingapura e na Malásia. Depois do 11 de Setembro, a
adesão dos governos da região à
guerra ao terrorismo, liderada pelos EUA, minou mais o grupo.
No entanto a anarquia crescente
existente nos dois grandes arquipélagos do Sudeste Asiático facilita sua reorganização. As Forças
Armadas dos dois países são divididas em clãs. Suas estruturas de
comando são fracas. A cooperação entre as polícias nacionais,
mal preparadas, é insuficiente.
Com isso, Washington, que
quer ajudar Manila e Jacarta a lutar contra o terrorismo local ou
regional, não sabe muito bem o
que fazer. A ajuda militar americana destinada à Indonésia está
suspensa desde 1999, quando as
Forças Armadas do país reprimiram com muita violência uma insurreição em Timor Leste.
Nas Filipinas, a realização de
operações entre o Exército local e
militares americanos encontra
um obstáculo na Constituição,
que, há doze anos, impede a participação de tropas estrangeiras em
combates internos.
A situação é particularmente
complicada no sul do país, onde
acordos entre comandantes militares filipinos locais e grupos rebeldes são comuns. Assim, embora ofereçam uma ajuda substancial, os militares americanos, que
estão no país desde 2002, não sabem mais o que fazer.
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