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São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2003

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Anarquia do Sudeste Asiático favorece o terror

DO "LE MONDE"

A Indonésia e as Filipinas são arquipélagos em que milícias civis aparecem regularmente. Suas fronteiras marítimas são incontroláveis -o que contribui para a existência de traficantes de drogas, de seres humanos e de armas-, e suas Forças Armadas, mal pagas e pessimamente equipadas, enfrentam insurreições separatistas, étnicas ou políticas.
Só um terço do dinheiro usado para financiar o Exército indonésio provém do Orçamento do governo. O restante do dinheiro vem de fundações e do comércio. Seus soldados são obrigados a viver em acampamentos militares.
No sul das Filipinas, no qual há movimentos separatistas islâmicos, os militares também não estão preparados para enfrentar os rebeldes, para quem a guerrilha e, às vezes, o banditismo se tornaram um meio de vida.
Essas condições precárias e a corrupção que as acompanha servem a muita gente: daqueles que destroem ilegalmente as florestas indonésias aos pequenos grupos de bandidos -que sequestram estrangeiros ou cidadãos importantes para obter dinheiro. Este financia a ação de grupos radicais.
Não é difícil ver que os combatentes do Jemaah Islamiyah, grupo terrorista regional, tiram proveito da situação, fazendo avançar sua causa e cometendo atentados.
Durante alguns anos, o Jemaah Islamiyah, cujos dirigentes foram formados no Afeganistão ao lado de membros do Taleban e da Al Qaeda, controlou campos de treinamento na ilha de Mindanao (no sul das Filipinas), no pequeno arquipélago indonésio de Sulawesi e na ilha de Java (na Indonésia).
A caçada a seus membros só começou em 2001, com uma série de detenções em Cingapura e na Malásia. Depois do 11 de Setembro, a adesão dos governos da região à guerra ao terrorismo, liderada pelos EUA, minou mais o grupo.
No entanto a anarquia crescente existente nos dois grandes arquipélagos do Sudeste Asiático facilita sua reorganização. As Forças Armadas dos dois países são divididas em clãs. Suas estruturas de comando são fracas. A cooperação entre as polícias nacionais, mal preparadas, é insuficiente.
Com isso, Washington, que quer ajudar Manila e Jacarta a lutar contra o terrorismo local ou regional, não sabe muito bem o que fazer. A ajuda militar americana destinada à Indonésia está suspensa desde 1999, quando as Forças Armadas do país reprimiram com muita violência uma insurreição em Timor Leste.
Nas Filipinas, a realização de operações entre o Exército local e militares americanos encontra um obstáculo na Constituição, que, há doze anos, impede a participação de tropas estrangeiras em combates internos.
A situação é particularmente complicada no sul do país, onde acordos entre comandantes militares filipinos locais e grupos rebeldes são comuns. Assim, embora ofereçam uma ajuda substancial, os militares americanos, que estão no país desde 2002, não sabem mais o que fazer.


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