São Paulo, domingo, 15 de agosto de 2004

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Esquerda latino-americana vê no presidente defesa contra os EUA

DA REDAÇÃO

Líderes políticos e organizações civis de esquerda de países latino-americanos manifestaram apoio ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, e confiança na sua vitória no plebiscito que define hoje sua permanência no poder.
"Não tenho a mais remota dúvida sobre a vitória de Chávez", afirmou o ditador cubano, Fidel Castro - que chegou a brincar que mudaria a data de comemoração de seu aniversário, na última sexta-feira, para hoje, para coincidir com o plebiscito. "[A data de hoje] se soma à história do hemisfério, em condições muito difíceis, e pode influir decisivamente no destino da América Latina", disse.
Em muitos casos, no entanto, o apoio a Chávez se confunde com uma mal -ou nada- disfarçada rejeição aos EUA. Para os esquerdistas latino-americanos, contra o "grande irmão do Norte" vale até esquecer divergências políticas.
"Para além das diferenças que tenhamos com Chávez, estamos juntos com o povo venezuelano contra o imperialismo norte-americano", disse um orador do Movimento Socialista de Trabalhadores da Argentina numa manifestação ao lado de grupos piqueteiros, anteontem, em frente ao Congresso do país.
Tom semelhante foi adotado no Brasil pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que entregou um manifesto de solidariedade a Chávez, anteontem, ao cônsul venezuelano Mario Gugliemi, no Rio. Segundo o documento, o presidente da Venezuela "optou pela soberania de seu povo" e, por isso, é "vítima" de uma campanha dos EUA e "de uma elite opositora" que "não tolera que afetem seus interesses.
"[No plebiscito] será decidida a dignidade dos povos latino-americanos" e não apenas a permanência de Chávez, disse José Luis Patrola, da secretaria nacional do MST. Para ele, quem quer a saída de Chávez quer que a Venezuela "volte a ser uma colônia americana presa ao modelo neoliberal".
Ontem, um grupo organizado pelo MST e pela CPT (Comissão Pastoral da Terra) esteve em frente à Embaixada da Venezuela, em Brasília. A manifestação de apoio a Chávez reuniu cerca de 150 pessoas, segundo a polícia.
Os sem-terra foram recebidos, na portaria da embaixada, pelo embaixador Julio José Garcia Montoya, que agradeceu e disse que "as lutas conjuntas do povo brasileiro e do povo venezuelano ajudará no fortalecimento das democracias" dos dois países.


Com agências internacionais e a Sucursal de Brasília

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