|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
Milhares de refugiados retornam às suas casas
Joseph Barrak/France Presse
![](../images/e1508200601.jpg) |
Com seus pertences, libaneses cruzam a estrada de Masnaa, bombardeada por Israel, na volta para casa após refúgio na Síria |
Com implementação do cessar-fogo, deslocados voltam ao sul do Líbano e a Beirute
Longas filas de veículos congestionaram estradas libanesas após trégua; israelenses permanecem em abrigos no norte do país
DA REDAÇÃO
Nas primeiras horas após o
início do cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hizbollah, milhares de refugiados do
sul do Líbano e da capital do
país, Beirute, começaram a retornar às suas casas -ou ao que
restou delas.
Desde o início do conflito, em
12 de julho, cerca de 900 mil libaneses foram forçados a deixar suas casas. Com colchões e
pertences amarrados sobre os
carros, que se enfileiravam em
congestionamentos em estradas destruídas, os xiitas deslocados tentavam voltar.
Filas de veículos cruzavam
também a fronteira entre Síria
e Líbano, fazendo o percurso
inverso do último mês. Vários
dos carros ostentavam nos vidros imagens do líder do Hizbollah, Hassan Nasrallah.
Nos bairros, manobravam
para se desviar de montes de
entulho e de imensas crateras
no asfalto. Ao chegar às casas,
alguns choravam, outros observavam em silêncio os destroços. Os mais jovens tiravam fotos com câmeras e celulares.
Khadijeh Tabaja não conseguiu reconhecer seu prédio, ao
ver a carcaça do edifício carbonizada, com sacadas cobertas
de poeira, penduradas. "Onde
está minha casa? Alguém me
diga que essa não é minha casa", gritava, num bairro do sul
de Beirute. "Isso é Israel, para
aqueles que ainda não conheciam", dizia Soad Hodroj, 64,
mostrando um prédio, no subúrbio de Dahiyah, no sul de
Beirute, muito avariado.
Alguns quarteirões ficaram
irreconhecíveis, com pilhas de
concreto, pontuadas por um ou
outro prédio. O cheiro de incêndios tomou conta dos bairros, e montes de entulho ainda
queimavam. A fumaça saía pelas janelas de prédios atingidos
havia pouco. Muitos dos que
chegavam usavam máscaras cirúrgicas para se proteger da
poeira e da fumaça. Algumas
mulheres usavam seus lenços
de cabeça para tapar o nariz.
"Vitória"
No meio do engarrafamento
em uma das estradas saindo de
Beirute, o Hizbollah distribuía
bandeirinhas para comemorar
a "vitória", enquanto informes
oficiais alertavam os pais para
não permitir que suas crianças
brincassem com as milhares de
bombas não explodidas que
ainda estão pelo país. Ontem,
uma criança morreu e 15 pessoas foram feridas por bombas.
"Vitória? Você chama isso de
vitória? Meu coração vai parar.
Como vamos viver?", gritava
uma mulher que se identificou
como Umm Hassan (mãe de
Hassan), que havia perdido sua
casa, em Hay al Abyad, no subúrbio do sul de Beirute, em
ataques aéreos israelenses da
noite de domingo, pouco antes
do início do cessar-fogo.
Seu vizinho, Nidal Shoeib, insistia no fato de que "valia tudo
pela resistência", mas admitiu
que a destruição era maior do
que imaginara. "Vai levar anos
e anos para reconstruir tudo isso. Toda essa região vai ter de
ser dinamitada para podermos
erguê-la novamente", disse.
"Quero chorar pelo meu povo.
Que tipo de vida é essa?"
Israel
Do lado israelense, o Exército manteve a instrução aos habitantes da zona fronteiriça do
norte -principal alvo dos foguetes do Hizbollah- de permanecer em seus abrigos. Entre os refugiados, ainda há desconfiança em relação ao cessar-fogo. Mas moradores das áreas
mais distantes da fronteira já
foram avisados de que podem
deixar seu refúgio. Em Tiberias, Afula, Haifa, Nazaré e outras cidades, as pessoas começam a voltar para a casa, após
um mês em que cerca de 4.000
foguetes do Hizbollah atingiram em suas comunidades.
Apesar do cessar-fogo, mais
dez foram lançados na madrugada de hoje. Israel disse que,
como nenhum cruzou a fronteira, não respondeu. Mas seis
militantes do Hizbollah foram
mortos, em incidentes separados, pelas forças israelenses.
Em Acre, algumas lojas reabriram, e os moradores se disseram esperançosos de que os
ataques tenham terminado,
apesar da apreensão geral.
Em Israel, entre 300 mil e
500 mil pessoas foram deslocadas do norte do país desde o início da ofensiva.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Para Bush, Israel derrotou grupo xiita Próximo Texto: Brasileiros dizem que é cedo para retornar Índice
|