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Colômbia e EUA fecham acordo sobre o uso de bases
Texto negociado entre aliados vai agora a "revisão técnica" antes de ser assinado
Pacto militar é pivô de mais recente crise sul-americana; Amorim afirma que houve contato para a presença de Obama em cúpula regional
William Fernando Martinez - 12.ago.09/Associated Press
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Militares caminham na base colombiana de Palanquero, uma das envolvidas em acordo com EUA
DA REDAÇÃO
A Colômbia anunciou ontem
a conclusão das negociações do
polêmico novo acordo militar
que permitirá aos EUA utilizar
até sete bases em território colombiano "para a luta contra o
narcotráfico e o terrorismo".
Em nota, Bogotá disse que o
texto acordado com Washington "passará agora para revisão
técnica pelas instâncias governamentais de cada país para a
sua posterior assinatura". Não
foram dados maiores detalhes.
O anúncio pelo governo colombiano, no final de julho, de
que as conversas com os EUA
para aprofundar os já estreitos
laços militares bilaterais e permitir o uso de seu território pelo aliado estavam em vias de finalização desatou nova crise
diplomática regional, sobretudo com Equador e Venezuela.
Reunidos na última segunda
em Quito (Equador), mas sem a
presença do presidente colombiano Álvaro Uribe, os chefes
de Estado da Unasul (União de
Nações Sul-Americanas) convocaram para o dia 28 reunião
de emergência em Bariloche,
Argentina, para tratar do tema.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs inclusive a
participação do seu homólogo
americano, Barack Obama, no
encontro. O chanceler Celso
Amorim, em visita ao Peru,
confirmou ontem que "já houve contatos de alto escalão com
os EUA e há boa disposição".
A possibilidade não é, no entanto, confirmada pelos EUA.
O porta-voz do Departamento
de Estado americano, Philip
Crowley, disse ontem que o novo acordo não é motivo para
crise por se tratar de "um assunto estritamente bilateral".
O líder colombiano já confirmou presença na Argentina.
A etapa final das negociações
vinha sendo conduzida desde a
última quarta, quando uma delegação formada por funcionários dos ministérios de Relações Exteriores, Defesa, Interior e Justiça da Colômbia partiu para os EUA a fim de dar
contornos finais ao novo pacto.
As negociações bilaterais haviam sido iniciadas no começo
do ano, poucos meses antes a
expiração do acordo, em vigor
havia dez anos, com Quito que
permitia aos EUA utilizar base
militar em Manta, no Equador
-encerrado em julho.
Durante a cúpula da Unasul
em Quito, o venezuelano Hugo
Chávez quebrou o protocolo e
fez duras críticas à Colômbia,
chegando a dizer que "ventos
de guerra começam a soprar".
Uribe justificou a ausência
no encontro com o fato de não
manter relações com o Equador desde o ano passado, quando o presidente Rafael Correa
rompeu com o vizinho em retaliação a operação colombiana
contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em solo equatoriano.
Antes da cúpula, e ante a péssima repercussão do anúncio
das negociações, Uribe realizou
um rápido giro por sete países
sul-americanos, inclusive o
Brasil, com o objetivo de esclarecer os pontos do novo pacto.
Apesar disso, o acordo militar segue envolto em dúvidas.
Informações conhecidas dão
conta de que os EUA poderão
ter até 800 militares e 600 civis
em sete bases colombianas.
Na última quinta, porém, o
número dois da Chancelaria
americana para a região, Christopher McMullen, em entrevista a um jornal equatoriano, disse que os EUA têm interesse
em apenas três bases e que, em
até três anos, a presença militar
na Colômbia será "mínima".
Só nos últimos dez anos, os
EUA repassaram US$ 5,5 bilhões ao aliado sul-americano
para combate ao narcotráfico
no marco do Plano Colômbia.
Cooperação regional
Em aparente nova cartada
diplomática para aplacar ânimos no seu entorno, Uribe disse ontem que tem interesse em
incrementar as relações militares também com o Brasil e outros países sul-americanos.
O líder colombianos defendeu também a retomada dos
diálogos com Equador e Venezuela -com a qual Bogotá promovia reaproximação antes de
a nova crise regional estourar.
Com agências internacionais
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