São Paulo, sábado, 15 de agosto de 2009

Próximo Texto | Índice

Colômbia e EUA fecham acordo sobre o uso de bases

Texto negociado entre aliados vai agora a "revisão técnica" antes de ser assinado

Pacto militar é pivô de mais recente crise sul-americana; Amorim afirma que houve contato para a presença de Obama em cúpula regional


William Fernando Martinez - 12.ago.09/Associated Press
Militares caminham na base colombiana de Palanquero, uma das envolvidas em acordo com EUA

DA REDAÇÃO

A Colômbia anunciou ontem a conclusão das negociações do polêmico novo acordo militar que permitirá aos EUA utilizar até sete bases em território colombiano "para a luta contra o narcotráfico e o terrorismo".
Em nota, Bogotá disse que o texto acordado com Washington "passará agora para revisão técnica pelas instâncias governamentais de cada país para a sua posterior assinatura". Não foram dados maiores detalhes.
O anúncio pelo governo colombiano, no final de julho, de que as conversas com os EUA para aprofundar os já estreitos laços militares bilaterais e permitir o uso de seu território pelo aliado estavam em vias de finalização desatou nova crise diplomática regional, sobretudo com Equador e Venezuela.
Reunidos na última segunda em Quito (Equador), mas sem a presença do presidente colombiano Álvaro Uribe, os chefes de Estado da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) convocaram para o dia 28 reunião de emergência em Bariloche, Argentina, para tratar do tema.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs inclusive a participação do seu homólogo americano, Barack Obama, no encontro. O chanceler Celso Amorim, em visita ao Peru, confirmou ontem que "já houve contatos de alto escalão com os EUA e há boa disposição".
A possibilidade não é, no entanto, confirmada pelos EUA. O porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip Crowley, disse ontem que o novo acordo não é motivo para crise por se tratar de "um assunto estritamente bilateral".
O líder colombiano já confirmou presença na Argentina.
A etapa final das negociações vinha sendo conduzida desde a última quarta, quando uma delegação formada por funcionários dos ministérios de Relações Exteriores, Defesa, Interior e Justiça da Colômbia partiu para os EUA a fim de dar contornos finais ao novo pacto.
As negociações bilaterais haviam sido iniciadas no começo do ano, poucos meses antes a expiração do acordo, em vigor havia dez anos, com Quito que permitia aos EUA utilizar base militar em Manta, no Equador -encerrado em julho.
Durante a cúpula da Unasul em Quito, o venezuelano Hugo Chávez quebrou o protocolo e fez duras críticas à Colômbia, chegando a dizer que "ventos de guerra começam a soprar".
Uribe justificou a ausência no encontro com o fato de não manter relações com o Equador desde o ano passado, quando o presidente Rafael Correa rompeu com o vizinho em retaliação a operação colombiana contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em solo equatoriano.
Antes da cúpula, e ante a péssima repercussão do anúncio das negociações, Uribe realizou um rápido giro por sete países sul-americanos, inclusive o Brasil, com o objetivo de esclarecer os pontos do novo pacto.
Apesar disso, o acordo militar segue envolto em dúvidas. Informações conhecidas dão conta de que os EUA poderão ter até 800 militares e 600 civis em sete bases colombianas.
Na última quinta, porém, o número dois da Chancelaria americana para a região, Christopher McMullen, em entrevista a um jornal equatoriano, disse que os EUA têm interesse em apenas três bases e que, em até três anos, a presença militar na Colômbia será "mínima".
Só nos últimos dez anos, os EUA repassaram US$ 5,5 bilhões ao aliado sul-americano para combate ao narcotráfico no marco do Plano Colômbia.

Cooperação regional
Em aparente nova cartada diplomática para aplacar ânimos no seu entorno, Uribe disse ontem que tem interesse em incrementar as relações militares também com o Brasil e outros países sul-americanos.
O líder colombianos defendeu também a retomada dos diálogos com Equador e Venezuela -com a qual Bogotá promovia reaproximação antes de a nova crise regional estourar.

Com agências internacionais



Próximo Texto: Venezuela aprova polêmica nova lei de educação de Chávez
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.