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VISÃO LOCAL
Narcotraficantes "alimentam" guerrilha, paramilitares e criminosos comuns, afirma comandante militar
Tráfico é raiz do problema, diz Colômbia
do enviado especial a Bogotá
Quando estabelecem um cerco
ao narcotráfico, os EUA estão
agindo igualmente sobre todo o
conjunto de conflitos da Colômbia, a julgar pelo que diz o general
Fernando Tapias, comandante
das Forças Militares:
"O narcotráfico está em todas as
formas de violência. Alimenta a
guerrilha, as autodefesas (grupos
paramilitares de extrema direita),
a delinquência comum e a delinquência organizada. É o fator de
corrupção de todos os estamentos. É preciso acabar com o narcotráfico para encontrar um princípio de solução para os problemas
da Colômbia."
O esquema de "guerra de baixa
intensidade" ficou evidente em
declarações feitas quinta-feira pelo general Barry McCaffrey,
""czar" do combate ao narcotráfico nos EUA, para quem é necessário respaldar a Colômbia com
"recursos, treinamento, equipamento e inteligência".
O Departamento de Defesa norte-americano admite a presença
de entre 175 e 200 militares na Colômbia, fora uma centena de integrantes de outras agências norte-americanas.
Desde maio, os serviços de inteligência passaram a compartilhar
com os militares colombianos informações em tempo real sobre
os movimentos da guerrilha. Antes, as informações chegavam
dias depois.
Usando aviões de espionagem
DCH-7, dotados de equipamentos eletrônicos e infravermelhos
(que permitem ver no escuro como se fosse dia claro), os norte-americanos não só detectam todos os movimentos dos guerrilheiros como interceptam suas
comunicações.
Mesmo assim, até a secretária
de Estado Madeleine Albright admite: "Depois de 38 anos de luta
está claro que é improvável um
desenlace militar decisivo", escreveu para "The New York Times",
na terça-feira.
Escalar a presença e o envolvimento norte-americanos parece
ser a alternativa restante, mas
sempre a pretexto de combater o
narcotráfico, que não cessa de aumentar.
A teoria é a de que combater o
tráfico de drogas é também uma
maneira de enfraquecer a guerrilha, que, pelos cálculos transmitidos por autoridades norte-americanas ao jornal "The Miami Herald", levanta cerca de US$ 500
milhões por ano em pagamento
pela proteção que oferecem aos
narcotraficantes.
Talvez por isso, a ajuda militar à
Colômbia não pára de aumentar.
Passou de magros US$ 10,6 milhões em 1985 para US$ 289 milhões em novembro do ano passado (a terceira maior, superada
apenas pela que é concedida a Israel e Egito). E, agora, o general
Barry McCaffrey já pede US$ 1 bilhão.
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