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"ACERTO DE CONTAS"
Após retirada de milicianos de cidade libanesa, tribunal julga 220 acusados de colaboracionismo
Líbano contra-ataca milícia pró-Israel
PAULO DANIEL FARAH
em Jezzine, Líbano
O Líbano está julgando 220 pessoas acusadas de colaborar com a
milícia pró-Israel conhecida como Exército do Sul do Líbano
(ESL), que controla parte da região ocupada no sul do país.
Um tribunal militar realiza sessões semanais, às quartas-feiras,
para analisar os casos. Cerca de 25
pessoas já foram julgadas. A
maioria recebeu penas de prisão
entre 3 meses e 1 ano. Na última
quarta, não houve sessão por causa do eclipse -foi feriado no país.
Os detidos, acusados de traição,
alegam ter sido obrigados a integrar o ESL, coagidos pela milícia
ou devido ao desemprego e à situação econômica (leia abaixo).
Mas eles negam ter fornecido informações de segurança a Israel.
Após a retirada militar de Jezzine, em junho, a situação do ESL se
agravou. Várias bases da milícia
na região foram abandonadas enquanto se intensifica a ação de
grupos islâmicos como o Hizbollah e o Amal, que combatem a
presença de Israel no Líbano.
"Aqui explodiu uma bomba.
Neste local, lançaram um foguete.
Ali, cinco morreram", diziam
dois moradores enquanto percorríamos o "caminho da morte", a
estrada marcada por explosões
que corta parte da região.
Jezzine fica numa posição estratégica. Para ir à cidade, é necessária uma permissão especial. No
sul, há postos de controle do
Exército libanês, da ONU, que verifica o cumprimento de acordo
para proteger civis libaneses e israelenses, do ESL e de Israel.
Israel ocupa parte do sul do Líbano desde 1978, alegando precisar da região para proteger cidades no norte. O país já realizou
mais de cem missões aéreas em
território libanês neste ano.
O número de soldados israelense mortos -ao menos nove neste
ano- levou diversos setores da
sociedade, inclusive altos comandantes das unidades de combate
do Exército de Israel no sul do Líbano, a fazer uma campanha a favor da retirada militar. Em 99, 19
libaneses foram mortos.
Na opinião do parlamentar de
Jezzine Nadim Salem, o Líbano
"não leva em consideração as
condições às quais esses homens
(os ex-membros do grupo pró-Israel) foram submetidos, apenas
encoraja os que ainda trabalham
para o ESL a ficar na milícia".
O prazo de um ano estabelecido
pelo premiê israelense, Ehud Barak, para a retirada militar acelerou a desagregação do ESL, milícia cristã armada e financiada por
Israel -salário mensal básico de
US$ 500 (cerca de R$ 900).
O recuo prossegue. O ESL abandonou um posto de controle em
Qantara poucos dias atrás, removendo as armas e os equipamentos de vigilância, em busca de um
local mais seguro no interior da
zona ocupada. O posto vinha sendo atacado quase diariamente.
O comandante do Hizbollah no
sul, xeque Nabil Qaouq, disse que
"a resistência obteve mais uma vitória". No final de 97, o Exército
israelense investiu milhões de dólares para melhorar sua defesa na
região, mas as posições do ESL
não receberam a mesma ajuda.
Relatório da organização Human Rights Watch indica que Israel intensificou a expulsão de
moradores da zona ocupada, acusados de espionagem.
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