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"Meu filho não é traidor nem criminoso"
em Jezzine
Khalil (nome fictício), 31, e sua
irmã de 27 anos estão detidos há
dois meses acusados de colaborar
com o Exército do Sul do Líbano.
Sua família, com sete pessoas, diz
que eles "não são traidores e não
cometeram crime algum".
Numa casa de dois cômodos,
num vilarejo próximo a Jezzine
(cidade no sul liberada em junho), enfeitada por retratos de
são Charbel (santo libanês), os
pais argumentam que os moradores da região eram obrigados a
entrar para a milícia. Eles pediram para não divulgar o nome
dos filhos, temendo represália.
"Não somos obrigados a protegê-los. Ou você trabalha para nós
ou tem de ir embora, você e toda
sua família, pois vamos destruir
sua casa", teria dito o ESL. "Qual
seria a solução? Ficarmos em casa,
sentados, para sermos mortos?"
Eles pedem a libertação dos filhos "para que possam voltar a
proteger a família. Que crime cometeram? Carregar um fuzil e
tentar proteger sua casa? Não protegemos Israel. Protegemos nossas casas e a nós mesmos".
A família alega que Khalil e a irmã trabalharam para o ESL, não
para Israel. "Acusam nosso filhos
de ser agentes de Israel, mas não
somos agentes de ninguém. Apenas tentamos conservar nossa terra. Pagamos impostos ao Estado
libanês. Água, energia, tudo."
A situação econômica teria sido
um dos fatores que levaram moradores a integrar a milícia. "Não
há emprego. Como podemos viver aqui? Temos de trabalhar."
A família afirma que Israel teria
prometido dar US$ 8.000 (cerca
de R$ 14.400) a ex-membros do
ESL, mas isso não teria ocorrido.
O médico Ismail Ismail diz que
a população do sul "sempre viveu
da agricultura e de serviços, mas,
a partir da invasão de 78, a economia parou". De acordo com ele,
"quando vem a época da colheita,
Israel intensifica os ataques".
"Fomos invadidos por muitos
povos", diz um irmão de Khalil.
"Vieram os palestinos e destruíram nossas casas. Chegaram os sírios, expulsaram os palestinos.
Vieram os judeus, expulsaram os
sírios. Os camponeses permaneceram. Quem morreu morreu. Os
que ficaram são como pássaros.
Comem quando há o que comer.
Esperamos que o mundo deixe o
Líbano para seu povo."
(PDF)
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