São Paulo, Quarta-feira, 15 de Setembro de 1999
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AMEAÇA NOS EUA

Moradores de Flórida, Geórgia e Carolina do Sul abandonam suas casas por temer nova catástrofe

Furacão provoca fuga de 2 milhões

Associated Press
Veículos congestionam estrada em Savannah, na Geórgia, um dos Estados que podem ser atingidos pelo furacão Floyd


RENATO FRANZINI
de Nova York

Rodovias de três Estados do sudeste dos EUA ficaram congestionadas ontem com a fuga de mais de 2 milhões de pessoas que moram em áreas que podem ser atingidas pelo furacão Floyd.
A fuga foi ordenada -ou apenas sugerida, dependendo da cidade- pelos governadores de Flórida, Geórgia e Carolina do Sul, que declararam estado de emergência em seus Estados.
O presidente Bill Clinton declarou os três Estados como área de desastre. Seu objetivo é acelerar ajuda federal antes mesmo de haver notícias de destruição.
A ordem de Clinton foi dada na Nova Zelândia, onde participava de reunião com chefes de Estado da Oceania e da Ásia, antes de embarcar de volta aos EUA.
As primeiros ventos causados pelo furacão foram sentidos no litoral da Flórida ontem à tarde. Meteorologistas esperavam que o "olho" do furacão margeasse a costa do Estado no início da madrugada de hoje, a uma distância entre 50 km e 80 km.
Como o furacão tinha ontem um diâmetro de 800 km, a essa distância da costa ele já poderia causar alguma destruição.
Segundo meteorologistas, o Floyd tem potencial de destruição semelhante ao furacão Andrew, que devastou a Flórida em 1992, causando 65 mortes e um prejuízo estimado em US$ 26 bilhões.
Por precaução, a Disney fechou seus parques na região e a Nasa (agência espacial americana) deixou uma equipe de apenas 80 pessoas tomando conta do Centro Espacial Kennedy, no cabo Canaveral, dispensando 12.500 funcionários.
A Nasa temia que o furacão causasse danos a espaçonaves estacionadas no centro, apesar de estarem em local protegido.
No litoral da Flórida, em todas as cidades do cabo Canaveral para o norte, há uma ordem de retirada dos moradores.
O "olho" do furacão passou ontem pelas Bahamas (ilhas a leste da área continental dos EUA), causando sérios danos.
Às 17h (18h em Brasília), o centro do furacão estava a cerca de 315 km a leste de Palm Beach, no centro do litoral leste da Flórida.
No centro do furacão, o vento atingia 225 km/h, o que o coloca na categoria 4 (vai de 1 a 5) de potencial de danos. Nas bordas, o vento era de 60 km/h a 70 km/ h.
Ventos dessa velocidade foram registrados em Tampa, no litoral oeste da Flórida.
A trajetória do furacão mudou ontem, praticamente garantindo que seu centro não atingirá cidades do centro-sul e sul da Flórida, como Miami. Se a trajetória se mantiver, o olho do furacão deve seguir paralelo à costa da Flórida e atingir o litoral da Carolina do Sul amanhã de manhã.
"Mas um pequeno desvio poderá levar (o olho) do furacão para a costa da Flórida, do centro para o norte", disse Miles Lawrence, do Centro Nacional de Furacões, em Miami. Nesse caso, a cidade de Orlando poderia ser uma das mais atingidas.
O principal perigo para cidades como Miami é o de alagamentos.
Apesar de a força do furacão ter se reduzido um pouco ontem com relação a anteontem (quando ele chegou à categoria 5), meteorologistas dizem que isso não é uma tendência e que a velocidade dos ventos pode aumentar.
Muitas pessoas deixaram para fugir na última hora por desconfiar do potencial de destruição do furacão. Mark Sanford, um deputado da Carolina do Sul, disse que "as pessoas parecem ter se esquecido do impacto que um furacão desse tem".
Em 22 de agosto, o furacão Bret chegou a ter força semelhante à que o Floyd tinha ontem e obrigou milhares de pessoas -alertadas por meteorologistas- a abandonar suas casas.
Mas, quando atingiu a costa do Texas, o Bret perdeu força e causou apenas danos menores.


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