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Cuba sugere que demitido crie coelhos
Novo plano econômico prevê cooperativas para a criação de animais e a fabricação de doces, revela agência
Salários passam a variar por produtividade; para professor, Castros se inspiram em modelo chinês de transição
ANDRÉ LOBATO
DE SÃO PAULO
A maior reforma econômica em Cuba em 20 anos terá
um novo sistema de impostos, cooperativas e empresas
privadas para abrigar as 500
mil pessoas que devem ser
demitidas até março, mostra
documento obtido pela Associated Press. Os salários vão
variar conforme a produtividade do funcionário.
O plano tem uma lista de
sugestões de cooperativas
para os que vão ficar desempregados. Entre elas, a criação de animais como coelhos, serviços de táxi e fabricação de doces e frutas secas.
Essa é tida como a maior
reforma do governo de Raúl
Castro, que substituiu o irmão Fidel no poder em 2008.
Dos 5,1 milhões de trabalhadores cubanos, 823 mil estão na iniciativa privada,
sendo 143 mil legalmente.
Com estabilidade de trabalho garantida tanto no setor
público quando no privado,
explica o professor de relações internacionais da UFRJ
Leonardo Valente, os cubanos terão dificuldades com o
empreendedorismo.
O próprio documento reconhece que muitas das iniciativas sugeridas devem "falhar em um ano".
Algumas das funções propostas já são feitas por cubanos, de maneira informal e,
por isso, sem pagar impostos. Com a reforma, o governo pretende criar "um novo
sistema tarifário", "mais personalizado e mais rigoroso",
cita o documento.
As taxas serão cobradas
sobre salários, vendas, aposentadorias e de pequenas
empresas com empregados.
Em Miami, o subsecretário
de Estado dos EUA para
América Latina, Arturo Valenzuela, disse que a redução
de empregos públicos e o incentivo à iniciativa privada
demonstram o reconhecimento do governo de Raúl
Castro do "fracasso do sistema" cubano.
PRIMEIROS DEMITIDOS
Os primeiros a serem demitidos serão os com baixa
produtividade e os lotados
nos ministério de Açúcar,
Saúde, Turismo e Agricultura. Os Ministério das Relações Exteriores e de Serviço
Social também terão cortes.
Não ter emprego é algo novo em Cuba, explica Valente,
pois o país possui uma economia planificada onde,
mesmo sem necessidade, o
emprego é garantido.
A taxa de desemprego no
país é menor do que 2%.
Alimentação, saúde e educação continuam a ser providas pelo governo, mas não
há uma verba como o seguro-desemprego, diz Valente.
Apesar de garantias mínimas, o oferecido pelo governo é pouco e precisa ser complementado com uma renda
mensal. O salário no país é de
cerca de R$ 30.
Segundo o documento, alguns trabalhadores serão estimulados a se empregarem
em empresas de capital estrangeiro. "Acho que o governo cubano vai obrigar as empresas a contratarem esses
funcionários", opina.
O uso de pequenas empresas, cooperativas e a associação com capital estrangeiro é
uma "adaptação do que a
China fez no âmbito municipal com cooperativas de funcionários" há 30 anos, avalia
Maurício Santoro, professor
da FGV-Rio.
Com as agências de notícias
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