São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2011

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Tempo para investigar país é escasso, diz brasileiro

Comissão ainda não sabe se entrará no país

LUIS KAWAGUTI
DE SÃO PAULO

O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, indicado nesta semana para presidir a comissão da ONU que investigará abusos de direitos humanos na Síria, afirmou que sua equipe terá pouco tempo para trabalhar.
Ainda não há data definida para a ida da comissão à Síria e o relatório da investigação terá que ser concluído até o fim de novembro.
"Naturalmente é pouco tempo. Temos dois meses e meio, mas se eu aceitei, a comissão vai ter que fazer um relatório", afirmou.
O prazo pequeno, segundo ele, se deve à "conjuntura dramática da Síria".
"Há uma situação de emergência que precisa de resposta da comunidade internacional", disse. Segundo estimativas da ONU, cerca de 2.600 pessoas morreram na onda de protestos contra o regime iniciada em março.
Pinheiro disse que ainda não sabe se sua equipe terá autorização do governo do ditador Bashar Assad para entrar no país.
Uma primeira equipe nomeada no primeiro semestre pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU foi impedida de atuar na Síria e baseou seu relatório em entrevistas com refugiados e dissidentes.
"O ideal é termos acesso ao governo", disse Pinheiro, que já participou de investigações semelhantes no Timor Leste e no Togo e é professor na Universidade de São Paulo.
Segundo ele, a situação ideal seria obter autorização do regime para visitar não só Damasco, mas cidades do interior de onde partiram denúncias de abusos.
O governo sírio já afirmou que considera a criação da comissão uma interferência na soberania do país.

RELATÓRIO
A comissão vai investigar relatos de assassinatos e uso abusivo de força pelo regime. Em um relatório final, pode fazer recomendações à ONU e a organismos internacionais, mas não tem poder para impor sanções.
Porém, suas conclusões podem ser usadas em debates sobre a Síria no Conselho de Segurança. China e Rússia foram contrárias ao estabelecimento da comissão.



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