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Região vê grande corrupção e preconceito contra pobres
Para ouvidos por Latinobarómetro, quase 70% dos funcionários públicos são corruptos
Para entrevistados, pobreza gera mais discriminação social do que a cor da pele, mas etnia pesa na hora de conquistar um emprego
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem o relativo avanço econômico nem o crescimento no
apoio à democracia foram capazes de diminuir a percepção
do nível de corrupção na América Latina.
A pesquisa 2008 da ONG chilena Latinobarómetro mostra
um dado ingrato. Questionados
sobre quantos servidores públicos, num grupo de cem, seriam corruptos, os habitantes
do subcontinente responderam 68,6 em média. A sociedade civil se vê melhor do que
avalia sua classe política: para
54%, há mais corrupção na política do que na vida em geral.
O Brasil foi o país onde a
maior taxa da população disse
ter tomado conhecimento de
um "ato de corrupção" nos últimos meses: 53%. Salto enorme
em relação à América Latina,
cuja média é de apenas 15%.
Mas a pesquisa traz um dado
positivo também: aumentou a
percepção de que a luta anticorrupção está evoluindo. Em
média, 38% dos latino-americanos pensam assim -eles
eram apenas 26% em 2004. No
Brasil, o mesmo índice foi de
44% neste ano.
Outro problema grave relacionado à corrupção é vinculado às polícias, outra chaga da
região. Mais da metade das populações de Paraguai, Venezuela, Argentina, México, Brasil e República Dominicana dizem que é provável conseguir
subornar um membro da polícia. Não por acaso, a lista coincide com os países que exibem
os quadros mais dramáticos de
violência e de preocupação com
o assunto.
Na outra ponta, isolado, está
o Chile. No país, só 11% dizem
que integrantes dos carabineros, a tradicional, disciplinada e
por vezes truculenta polícia, seriam subornáveis.
Pobreza e cor
A maioria da população latino-americana acha que a origem principal da discriminação
social é a pobreza, à frente de
fatores como cor da pele.
A pobreza foi citada por 31%
na média das respostas. Mas,
quando questionadas especificamente sobre o que é relevante na escolha de um profissional, aí a percepção é a de que a
cor da pele é o mais relevante.
Ficará com a vaga o candidato
branco, quando um não branco
exibir as mesmas qualidades.
E o Brasil é onde o preconceito por cor é apontado como fator de desvantagem em casos
de supeitos de crimes presos
(59% acham que o dado cor
prejudicaria o detido se houvesse mais um suspeito branco). Em países como Colômbia
e a Venezuela, a percepção das
pessoas é que "a maneira de falar" revela a ascendência social
e pode influenciar.
A pesquisa do Latinobarómetro ouviu 20.204 pessoas
em todo o subcontinente (só
Cuba não foi pesquisada).
(FM)
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