São Paulo, sábado, 15 de novembro de 2008

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Assessor diz que Sarkozy dissuadiu Putin de "pendurar" líder georgiano

BEN HALL
QUENTIN PEEL
DO "FINANCIAL TIMES"

Vladimir Putin, o premiê russo, queria depor o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili, e pendurá-lo "pelas bolas" depois da invasão russa à Geórgia em agosto, mas o presidente francês, Nicolas Sarkozy, conseguiu dissuadi-lo.
Essa é a versão dos acontecimentos relatada por Jean-David Levitte, o principal assessor de política externa de Sarkozy, em entrevista publicada por uma revista francesa, um relato que sustenta a alegação do líder francês de que ele evitou um avanço militar russo para ocupar a capital georgiana, Tbilisi.
Levitte diz que quando Sarkozy viajou a Moscou em 12 de agosto para negociações de emergência com o presidente russo, Dmitri Medvedev, e Putin, dias após o início do conflito, Putin lhe disse: "Quero pendurar Saakashvili pelas bolas". "Pendurar?", interrompeu Sarkozy, espantado.
"Por que não?", respondeu Putin. "Os americanos enforcaram Saddam Hussein."
"Mas você quer terminar como [George W.] Bush?", perguntou Sarkozy.
Putin aparentemente parou para pensar e disse: "Bem, você tem razão quanto a isso".
Levitte disse à revista "Nouvel Observateur" que esse diálogo ajudou a persuadir Putin a deixar de lado sua idéia de invadir completamente a Geórgia.
Sarkozy, que como ocupante da presidência rotativa da União Européia liderou os esforços ocidentais para conseguir um cessar-fogo no conflito da Geórgia, alguns meses atrás, foi acusado de ceder demais ao Kremlin. Tropas russas continuarão a ocupar as os territórios separatistas georgianos da Ossétia do Sul e da Abkházia.
Os críticos de Sarkozy duvidam que a Rússia pretendesse de fato ordenar o avanço de seus tanques para a capital georgiana. O presidente francês defendeu seu papel como mediador da paz, anteontem, e se referiu de maneira deliberada a ausência diplomática de Washington durante o conflito.
Discursando ao receber um prêmio por "coragem política", Sarkozy declarou que, "quando, em 8 de agosto, foi necessário visitar Moscou e Tbilisi, quem é que se ergueu em defesa dos direitos humanos? Foi o presidente dos Estados Unidos que declarou que aquilo era inaceitável? Ou foi a França que manteve diálogo com Putin, Medvedev e Saakashvili?".


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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