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Acabou a "era de trevas", diz Bush
Em discurso na TV, presidente dos EUA é cauteloso e diz que captura não significa o fim da violência
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
O presidente dos EUA, George
W. Bush, afirmou, na TV americana, que a prisão do ex-ditador
Saddam Hussein significou o final
de uma "era de trevas e de dor no
Iraque". O discurso foi feito às
12h15 em Washington (15h15 horário de Brasília) e foi marcado
por um tom cauteloso e contido.
As primeiras palavras de Bush foram dedicadas à prisão de Saddam. Para declarar, em seguida:
"[Saddam] vai enfrentar a Justiça
que ele negou para milhões".
O presidente, porém, não forneceu detalhes sobre como será o
julgamento do ex-ditador.
Em outro trecho do discurso,
Bush avaliou o impacto da prisão
de Saddam para o processo democrático no Iraque. "A captura
desse homem foi crucial para o
surgimento de um novo Iraque livre. Ela marca o fim do caminho
para ele e para todos aqueles que
amedrontaram e mataram em
nome dele", disse. Dirigindo-se
aos iraquianos, afirmou: "Vocês
não terão mais de temer o domínio de Saddam Hussein".
Em menos de cinco minutos de
discurso, Bush foi enfático ao afirmar que o encarceramento do líder iraquiano não significava o final de atos de violência no país.
"A captura de Saddam Hussein
não significa o fim da violência no
Iraque. Nós ainda enfrentamos
terroristas que preferem continuar matando inocentes a aceitar
o aparecimento da liberdade no
coração do Oriente Médio."
Na conclusão do discurso, Bush
reiterou: "Os Estados Unidos não
vão esmorecer até que esta guerra
seja ganha".
Bush recebeu a informação da
prisão de Saddam por meio de
um telefonema do secretário da
Defesa, Donald Rumsfeld, ainda
na tarde de sábado.
O presidente estava em Camp
David. "Senhor presidente, os primeiros relatórios não são sempre
precisos", afirmou Rumsfeld.
Bush interrompeu o secretário:
"Isso parece ser uma boa notícia",
disse Bush. Rumsfeld informou,
então, que Saddam Hussein teria
sido capturado. O diálogo foi relatado pelo porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan.
Na manhã de ontem, Condoleezza Rice, assessora de Segurança Nacional da Casa Branca, telefonou para o presidente para confirmar que o preso era Saddam.
Rumsfeld qualificou a prisão de
Saddam como "um dia glorioso
para o povo iraquiano". "Hoje,
muitos iraquianos ousam acreditar no que dissemos desde o princípio: a era da brutal ditadura de
Saddam Hussein acabou. O seu
regime de terror está acabado",
afirmou. O secretário foi um dos
principais arquitetos da ocupação
americana no Iraque.
Mesmo entre os democratas, a
captura foi saudada. O ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) disse que essa prisão é uma resposta
a "décadas de tirania e assassinato". Um dos pré-candidatos democratas à eleição presidencial de
2004, o general Wesley Clark também saudou a notícia. "Espero
que ajude a diminuir a violência
contra nossos soldados."
Na cobertura das televisões
americanas, expressões como
"fim do regime de terror" e "grande vitória de Bush" predominaram. O tom patriótico de comentaristas políticos foi pontuado pela repetição das imagens da captura de Saddam e da comemoração em Bagdá. A captura do líder
iraquiano eclipsou até mesmo a
divulgação de mais um atentado
suicida no Iraque ontem.
Além do enorme impulso que
dá à campanha americana no Iraque e à sua própria campanha de
reeleição, a prisão certamente tem
sabor ainda mais especial a Bush
por causa das críticas a seu pai, o
ex-presidente George Bush. Muito criticado por ter deixado Saddam no poder após expulsar suas
tropas do Kuait, em 1991, ele foi
vítima de tentativa de assassinato
atribuído a Saddam, em 1993. A
conta a acertar entre a família
Bush e o iraquiano, portanto, era
muito alta.
Colaborou a Redação
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