São Paulo, quarta-feira, 16 de janeiro de 2002

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Falta de decisões do governo, especialmente sobre o "curralzinho", leva os argentinos de volta às ruas

Novos protestos explodem na Argentina

Associated Press
Policiais argentinos protegem banco contra manifestantes em Casilda (ao norte de Buenos Aires)


FABRICIO VIEIRA
DE BUENOS AIRES

JOSÉ ALAN DIAS
ENVIADO ESPECIAL A BUENOS AIRES

Os protestos contra a gestão de Eduardo Duhalde explodiram ontem em diversas localidades da Argentina. A falta de decisões do novo governo, especialmente em torno do bloqueio das contas bancárias, levou os argentinos novamente para as ruas.
A resposta da população foi um banho de água fria na convocação feita pelo presidente Eduardo Duhalde, na noite de segunda-feira, para que os diferentes setores sociais se unissem com o intuito de criar uma agenda de propostas comuns para resolver os problemas sociais e econômicos mais urgentes. Duhalde assumiu o governo em 1º de janeiro, eleito indiretamente, pelo Congresso, após a queda de Adolfo Rodríguez Saá.
No fim da tarde, mais de 4.000 pessoas se concentravam na frente da Casa Rosada, a sede do governo. Desempregados, aposentados, comerciantes, estudantes e donas-de-casa pediam definições sobre a flexibilização dos limites das contas bancárias, a distribuição de seguro-desemprego e de cestas básicas. Forte policiamento e uma barreira com grades cercaram a Casa Rosada e as ruas próximas. Não foi registrado conflito entre manifestantes e policiais.
Já em outras Províncias, os protestos foram violentos. Em Jujuy, no norte do país, agências de quatro bancos foram completamente destruídas. Ao protesto que começou com funcionários públicos exigindo salários atrasados, se juntaram outras pessoas.
Na Província de Santa Fé, uma manifestação que começou com comerciantes e pequenos empresários em frente a agências bancárias na cidade de Casilda contra o "curralzinho" acabou em grave choque com a polícia.
Várias pessoas se juntaram ao protesto, fechando ruas com carros, caminhões e montadas a cavalo. Agências bancárias foram apedrejadas e a polícia agiu com violência, com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Em Buenos Aires, os protestos começaram pela manhã em frente ao Ministério do Trabalho. Mais de 2.000 pessoas, convocadas pelas organizações de esquerda Corrente Classista e Combativa e Pólo Trabalhista, pediam que o governo liberasse bolsas de trabalho e seguro-desemprego.
No início da tarde, os manifestantes decidiram ir à praça de Maio, em frente à Casa Rosada, onde se juntaram aos profissionais do setor imobiliário que protestavam contra o "curralzinho".
Os aposentados fizeram um panelaço em frente ao Ministério da Saúde pedindo que o governo resolvesse o problema do Pami (o órgão público de assistência médica a aposentados e pensionistas), que agoniza por atraso de repasse de recursos.
O principal acesso à cidade de La Plata, capital da Província de Buenos Aires, foi fechado por funcionários do Correio, que reclamavam salários atrasados.


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