São Paulo, sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Índice

Crise leva Chávez a recorrer a petroleiras ocidentais

Venezuelano, que em 2007 nacionalizou parte das operações estrangeiras, agora abre licitação de novos campos a Chevron e Total

DO "NEW YORK TIMES", EM CARACAS

Prejudicado pela queda nos preços do petróleo, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, está voltando a cortejar empresas petroleiras ocidentais.
Até pouco tempo atrás, Chávez vinha encurralando as petroleiras estrangeiras, nacionalizando seus campos e impondo aumentos nos royalties.
Mas, nas últimas semanas, altos funcionários venezuelanos vêm convidando a participar de licitações algumas das maiores empresas petroleiras ocidentais -incluindo Chevron, Royal Dutch/Shell e Total-, prometendo a elas acesso a algumas das maiores reservas petrolíferas do mundo.
Abrir as portas para as empresas ocidentais pode ser a única maneira de escorar a estatal petroleira PDVSA e grande número de programas de bem-estar social que foram possibilitados pela receita do petróleo e ajudaram a reforçar a popularidade do presidente.
"Se voltar a trabalhar com petroleiras ocidentais for necessário para sua sobrevivência política, Chávez o fará", diz Roger Tissot, especialista na indústria petroleira venezuelana. "Chávez é um militar. Entende o conceito de perder uma batalha para ganhar a guerra."
Nos últimos anos, Chávez vem preferindo formar parcerias com estatais petroleiras de países como Irã, China e Belarus. Mas essas parcerias não conseguiram reverter o declínio da produção venezuelana.
A previsão é que as autoridades comecem a rever neste mês os planos de licitação das empresas para áreas novas da faixa do Orinoco, uma área no sul da Venezuela que possui reservas estimadas de 235 bilhões de barris de petróleo. Seriam necessários ao todo mais de US$ 20 bilhões em investimentos.
A Venezuela pode ter pouca escolha senão formar novas parcerias com empresas estrangeiras. As nacionalizações em outros setores da economia causaram uma fuga de capitais, deixando o país dependente do petróleo para cerca de 93% de sua receita de exportações em 2008, contra 69% em 1998.
Pelas regras de licitação atuais, o ônus do financiamento dos novos projetos cabe às empresas estrangeiras, se bem que a PDVSA deva conservar o controle sobre a extração. Os bancos podem recuar diante de tal perspectiva. Também há resquícios de desconfiança em relação a tratar com a PDVSA.
"Um acordo registrado numa folha de papel não significa nada na Venezuela, devido à maneira como Chávez muda as regras do jogo de uma hora para outra", disse um executivo petroleiro venezuelano que pediu para não ter o nome publicado.


Texto Anterior: Brasil cede 4 helicópteros antidrogas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.