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Crise leva Chávez a recorrer a petroleiras ocidentais
Venezuelano, que em 2007 nacionalizou parte das operações estrangeiras, agora abre licitação de novos campos a Chevron e Total
DO "NEW YORK TIMES", EM CARACAS
Prejudicado pela queda nos
preços do petróleo, o presidente venezuelano, Hugo Chávez,
está voltando a cortejar empresas petroleiras ocidentais.
Até pouco tempo atrás, Chávez vinha encurralando as petroleiras estrangeiras, nacionalizando seus campos e impondo aumentos nos royalties.
Mas, nas últimas semanas,
altos funcionários venezuelanos vêm convidando a participar de licitações algumas das
maiores empresas petroleiras
ocidentais -incluindo Chevron, Royal Dutch/Shell e Total-, prometendo a elas acesso
a algumas das maiores reservas
petrolíferas do mundo.
Abrir as portas para as empresas ocidentais pode ser a
única maneira de escorar a estatal petroleira PDVSA e grande número de programas de
bem-estar social que foram
possibilitados pela receita do
petróleo e ajudaram a reforçar
a popularidade do presidente.
"Se voltar a trabalhar com
petroleiras ocidentais for necessário para sua sobrevivência
política, Chávez o fará", diz Roger Tissot, especialista na indústria petroleira venezuelana.
"Chávez é um militar. Entende
o conceito de perder uma batalha para ganhar a guerra."
Nos últimos anos, Chávez
vem preferindo formar parcerias com estatais petroleiras de
países como Irã, China e Belarus. Mas essas parcerias não
conseguiram reverter o declínio da produção venezuelana.
A previsão é que as autoridades comecem a rever neste mês
os planos de licitação das empresas para áreas novas da faixa
do Orinoco, uma área no sul da
Venezuela que possui reservas
estimadas de 235 bilhões de
barris de petróleo. Seriam necessários ao todo mais de US$
20 bilhões em investimentos.
A Venezuela pode ter pouca
escolha senão formar novas
parcerias com empresas estrangeiras. As nacionalizações
em outros setores da economia
causaram uma fuga de capitais,
deixando o país dependente do
petróleo para cerca de 93% de
sua receita de exportações em
2008, contra 69% em 1998.
Pelas regras de licitação
atuais, o ônus do financiamento dos novos projetos cabe às
empresas estrangeiras, se bem
que a PDVSA deva conservar o
controle sobre a extração. Os
bancos podem recuar diante de
tal perspectiva. Também há
resquícios de desconfiança em
relação a tratar com a PDVSA.
"Um acordo registrado numa
folha de papel não significa nada na Venezuela, devido à maneira como Chávez muda as regras do jogo de uma hora para
outra", disse um executivo petroleiro venezuelano que pediu
para não ter o nome publicado.
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