São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 2010

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Brasileiros improvisam embaixada

DO ENVIADO A PORTO PRÍNCIPE

Com o prédio da Embaixada do Brasil no Haiti condenado e a cidade sem água e luz, nove funcionários passaram a dormir e a tentar trabalhar na Casa de Cultura Brasileira.
Ali, eles são vigiados durante todo o tempo por 13 fuzileiros navais, que se revezam e têm um lugar próprio para descansar, a Casa Naval.
"Perguntamos a todos os nossos funcionários se queriam ir embora. Com a exceção de uma, todas desejaram ficar", disse a embaixatriz Roseana Kipman, 61. "Estamos vivos, e isso basta. Nossas casas estão seguras, e isso basta."
O piercing no nariz não é o único detalhe que afasta Roseana de outras embaixatrizes brasileiras. Falante, tem sido bastante ativa nas coordenações envolvendo a embaixada. "Essa mulher é uma guerreira", comenta o assistente de Chancelaria Almir de Oliveira.
Diferentemente dos demais funcionários, Roseana e o marido, o embaixador Igor Kipman, estão dormindo na residência oficial. Ali, também são obrigados a improvisar -para tomar banho, usam a água da piscina.
Nenhuma casa dos diplomatas e funcionários da Chancelaria foi destruída, mas faltam água, luz, telefone e gás. Apenas uma empresa de celular no Haiti tem sinal, mas de forma bastante irregular.

Racionamento
Já na ampla Casa de Cultura, localizada no bairro nobre de Pétionville, a cisterna grande e um gerador próprio garantem o abastecimento por algum tempo. Por outro lado, a comida foi trazida das casas dos funcionários.
Como precaução, água e comida estão racionadas, mas não há mais gás -um funcionário tenta comprar bujões há dois dias, sem sucesso. Para economizar combustível, o gerador só funciona o mínimo suficiente para carregar as baterias da casa. Sem telefone, conta apenas com internet, que cai a todo instante. Mas o prédio não sofreu nenhum impacto.
Diferentemente da embaixada, a poucas quadras dali. A representação funcionava num edifício de seis andares, com o exterior todo rachado.
Segundo o secretário Guillermo Barbosa, eles vão ficar no local por tempo indeterminado, à espera de instruções. (FM)


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