São Paulo, sábado, 16 de janeiro de 2010

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HAITI EM RUÍNAS

"Nunca se saberá total de mortos", diz ministro

Segundo titular da pasta haitiana do Interior, 50 mil corpos já foram recolhidos, e vítimas deverão ficar entre 100 mil e 200 mil

Números oficiais, contudo, variam de acordo com fonte; ONU estima em 50% casas atingidas, um quinto delas completamente destruídas


DA REDAÇÃO

O ministro do Interior haitiano disse ontem que 50 mil corpos já foram recolhidos das ruas de Porto Príncipe e que o governo espera que o número de mortos fique entre 100 mil e 200 mil. "[Mas] o número exato nunca iremos saber", afirmou Paul Antoine Bien-Aime.
As estimativas haitianas, no entanto, ainda não foram unificadas nem mesmo dentro do governo. Horas antes do anúncio de Bien-Aime, o secretário de Segurança Pública, Aramick Louis, havia falado em até 140 mil mortos, sendo que 40 mil deles teriam sido enterrados.
O premiê haitiano, Jean-Max Bellerive, porém, estima em só 15 mil os enterrados. Na véspera, o presidente René Préval os havia estimado em até 7.000. A Organização Pan-Americana de Saúde -Opas, braço para as Américas da OMS (a Organização Mundial da Saúde), ligada à ONU- estimou os mortos entre 50 mil e 100 mil pessoas.
Anteontem, a Cruz Vermelha havia feito, a partir de observações de campo, uma estimativa de entre 45 mil e 50 mil mortos. A ONU disse ainda que trabalha com a estimativa de que até 50% das construções em Porto Príncipe e arredores tenham sido destruídas ou parcialmente danificadas pelo sismo de terça.
Das edificações atingidas pelo sismo, cerca de 20% foram totalmente destruídas, ainda segundo a ONU, o que significa 300 mil pessoas desabrigadas. Para o governo local, esse número pode ser de 1,5 milhão.

Visita de Ban Ki-moon
O secretário-geral da ONU anunciou para amanhã a sua visita ao Haiti. "Irei eu mesmo tanto para mostrar solidariedade ao povo haitiano e ao nosso pessoal [no país] quanto para tomar pé de toda a situação", afirmou Ban Ki-moon, da sede da organização, em Nova York.
O terremoto que devastou o Haiti na última terça-feira já é a maior tragédia em perdas humanas para as Nações Unidas desde a sua fundação, há mais de 60 anos. Ontem, a organização elevou para 37 o número de vítimas entre os seus quadros.
Entre estas, 36 integravam a Minustah -a missão de estabilização do Haiti mantida pela ONU desde 2004 e liderada pelo Brasil-, sendo que 14 deles eram brasileiros, e 1 do PAM (o Programa Alimentar Mundial), o qual é ligado à organização.
Também ontem, a organização anunciou o deslocamento para Porto Príncipe de 5.000 capacetes azuis normalmente baseados em outras regiões para reforçar o atendimento local.

Ausência estatal
O secretário da Segurança Pública tentou também dar uma resposta à insatisfação pela inoperância do frágil Estado haitiano. Segundo Louis, o presidente Préval e o premiê Bellerive estão coordenando a ação do governo da sede da polícia.
Sobreviventes reclamam do fato de o presidente René Préval não ter feito nenhum pronunciamento à população desde o terremoto. Para Louis, o principal desafio é conter o aumento da violência na capital. Em entrevista à agência Reuters, Préval comparou ontem o estrago provocado pelo tremor a um "cenário de guerra". "Teremos de reconstruir tudo. A ONU está em melhor condições de custear isso", afirmou.

Com agências internacionais e LUCIANA COELHO, de Genebra



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