|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
HAITI EM RUÍNAS
"Nunca se saberá total de mortos", diz ministro
Segundo titular da pasta haitiana do Interior, 50 mil corpos já foram recolhidos, e vítimas deverão ficar entre 100 mil e 200 mil
Números oficiais, contudo, variam de acordo com fonte; ONU estima em 50% casas atingidas, um quinto delas completamente destruídas
DA REDAÇÃO
O ministro do Interior haitiano disse ontem que 50 mil
corpos já foram recolhidos das
ruas de Porto Príncipe e que o
governo espera que o número
de mortos fique entre 100 mil e
200 mil. "[Mas] o número exato nunca iremos saber", afirmou Paul Antoine Bien-Aime.
As estimativas haitianas, no
entanto, ainda não foram unificadas nem mesmo dentro do
governo. Horas antes do anúncio de Bien-Aime, o secretário
de Segurança Pública, Aramick
Louis, havia falado em até 140
mil mortos, sendo que 40 mil
deles teriam sido enterrados.
O premiê haitiano, Jean-Max
Bellerive, porém, estima em só
15 mil os enterrados. Na véspera, o presidente René Préval os
havia estimado em até 7.000.
A Organização Pan-Americana de Saúde -Opas, braço para
as Américas da OMS (a Organização Mundial da Saúde), ligada à ONU- estimou os mortos
entre 50 mil e 100 mil pessoas.
Anteontem, a Cruz Vermelha
havia feito, a partir de observações de campo, uma estimativa
de entre 45 mil e 50 mil mortos.
A ONU disse ainda que trabalha com a estimativa de que até
50% das construções em Porto
Príncipe e arredores tenham sido destruídas ou parcialmente
danificadas pelo sismo de terça.
Das edificações atingidas pelo sismo, cerca de 20% foram
totalmente destruídas, ainda
segundo a ONU, o que significa
300 mil pessoas desabrigadas.
Para o governo local, esse número pode ser de 1,5 milhão.
Visita de Ban Ki-moon
O secretário-geral da ONU
anunciou para amanhã a sua visita ao Haiti. "Irei eu mesmo
tanto para mostrar solidariedade ao povo haitiano e ao nosso
pessoal [no país] quanto para
tomar pé de toda a situação",
afirmou Ban Ki-moon, da sede
da organização, em Nova York.
O terremoto que devastou o
Haiti na última terça-feira já é a
maior tragédia em perdas humanas para as Nações Unidas
desde a sua fundação, há mais
de 60 anos. Ontem, a organização elevou para 37 o número de
vítimas entre os seus quadros.
Entre estas, 36 integravam a
Minustah -a missão de estabilização do Haiti mantida pela
ONU desde 2004 e liderada pelo Brasil-, sendo que 14 deles
eram brasileiros, e 1 do PAM (o
Programa Alimentar Mundial),
o qual é ligado à organização.
Também ontem, a organização anunciou o deslocamento
para Porto Príncipe de 5.000
capacetes azuis normalmente
baseados em outras regiões para reforçar o atendimento local.
Ausência estatal
O secretário da Segurança
Pública tentou também dar
uma resposta à insatisfação pela inoperância do frágil Estado
haitiano. Segundo Louis, o presidente Préval e o premiê Bellerive estão coordenando a ação
do governo da sede da polícia.
Sobreviventes reclamam do
fato de o presidente René Préval não ter feito nenhum pronunciamento à população desde o terremoto. Para Louis, o
principal desafio é conter o aumento da violência na capital.
Em entrevista à agência Reuters, Préval comparou ontem o
estrago provocado pelo tremor
a um "cenário de guerra". "Teremos de reconstruir tudo. A
ONU está em melhor condições de custear isso", afirmou.
Com agências internacionais e LUCIANA COELHO, de Genebra
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: ONU suspende pedido por equipes de resgate Índice
|