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São Paulo, domingo, 16 de fevereiro de 2003

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Ativistas tomam ruas das capitais européias

ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

Manifestações contra uma intervenção militar no Iraque tomaram conta ontem das principais cidades européias. Em Londres, a polícia calculava que a marcha de protestos contava, até as 1h no Brasil), com pelo menos 750 mil pessoas. Os organizadores falavam em 2 milhões. Apesar da divergência, os meios de comunicação tratavam o protesto como a maior manifestação de rua de toda a história britânica.
Na Espanha, país cujo governo também apóia a intervenção americana, as primeiras manifestações ocorreram pela manhã na Andaluzia (sul) e no País Basco (norte). Em Madri, a mobilização foi superior à da greve geral de 20 de junho passado, colocando também 1 milhão de manifestantes nas ruas. O cineasta Pedro Almodóvar leu um manifesto. Um número semelhante de manifestantes (1 milhão) saiu às ruas em Barcelona, no nordeste do país.
Manifestações também ocorreram na Itália e na Grécia. Em Roma, os organizadores estimaram em 3 milhões o número de manifestantes, mas as emissoras de TV falavam em 1 milhão. Recheado de celebridades, o protesto na capital italiana teve a presença dos atores e cineastas Roberto Begnini e Nanni Moretti.
Em Berlim, mais de 600 mil pessoas participaram das marchas.
Na França, as manifestações ocorreram em 80 cidades. As 80 organizações que promoveram o protesto em Paris esperavam reunir também 1 milhão de pessoas, mas a polícia disse que pouco mais de 250 mil compareceram.
A passeata em Paris foi aberta por pacifistas americanos e veteranos franceses da Guerra do Golfo. À frente, eles carregavam um boneco vestido de soldado e com máscara de gás.
"Os americanos não estão tão conscientes quanto deveriam dos efeitos de uma guerra. Estão muito passivos. Gostaria que estivessem aqui para verem como as pessoas em outras partes do mundo se opõem ao conflito", disse a americana Emily, 21, estudante de ciência política na Sorbonne. Ela não quis dar o sobrenome. "Meus pais, em Pittsburgh, não sabem que estou aqui", contou.
Os manifestantes em Paris se organizavam em blocos, conforme as organizações: Attac, Partido Comunista, Central Geral de Trabalhadores, Movimento da Paz, etc. Havia até mesmo um agitado grupo do Partido Marxista-Leninista da Alemanha. Os slogans de protesto contra a guerra se misturavam a ataques a Bush, à Israel e em defesa da Palestina.
"Gosto do povo americano, tenho vários amigos lá, mas não gosto de Bush. Esta não é uma manifestação contra os americanos, mas contra a guerra", disse o arqueólogo Alain Gaulon, 33.
Na França, a manifestação implica apoio à posição do presidente Jacques Chirac com respeito à guerra, mesmo se a maioria dos grupos organizadores do protesto lhe fazem oposição política. Em países como Reino Unido, Espanha e Itália, os protestos contra a guerra vão significar também uma dura oposição aos governos.


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