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Ativistas tomam ruas das capitais européias
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
Manifestações contra uma intervenção militar no Iraque tomaram conta ontem das principais
cidades européias. Em Londres, a
polícia calculava que a marcha de
protestos contava, até as 1h no
Brasil), com pelo menos 750 mil
pessoas. Os organizadores falavam em 2 milhões. Apesar da divergência, os meios de comunicação tratavam o protesto como a
maior manifestação de rua de toda a história britânica.
Na Espanha, país cujo governo
também apóia a intervenção
americana, as primeiras manifestações ocorreram pela manhã na
Andaluzia (sul) e no País Basco
(norte). Em Madri, a mobilização
foi superior à da greve geral de 20
de junho passado, colocando
também 1 milhão de manifestantes nas ruas. O cineasta Pedro Almodóvar leu um manifesto. Um
número semelhante de manifestantes (1 milhão) saiu às ruas em
Barcelona, no nordeste do país.
Manifestações também ocorreram na Itália e na Grécia. Em Roma, os organizadores estimaram
em 3 milhões o número de manifestantes, mas as emissoras de TV
falavam em 1 milhão. Recheado
de celebridades, o protesto na capital italiana teve a presença dos
atores e cineastas Roberto Begnini e Nanni Moretti.
Em Berlim, mais de 600 mil pessoas participaram das marchas.
Na França, as manifestações
ocorreram em 80 cidades. As 80
organizações que promoveram o
protesto em Paris esperavam reunir também 1 milhão de pessoas,
mas a polícia disse que pouco
mais de 250 mil compareceram.
A passeata em Paris foi aberta
por pacifistas americanos e veteranos franceses da Guerra do Golfo. À frente, eles carregavam um
boneco vestido de soldado e com
máscara de gás.
"Os americanos não estão tão
conscientes quanto deveriam dos
efeitos de uma guerra. Estão muito passivos. Gostaria que estivessem aqui para verem como as
pessoas em outras partes do mundo se opõem ao conflito", disse a
americana Emily, 21, estudante de
ciência política na Sorbonne. Ela
não quis dar o sobrenome. "Meus
pais, em Pittsburgh, não sabem
que estou aqui", contou.
Os manifestantes em Paris se
organizavam em blocos, conforme as organizações: Attac, Partido Comunista, Central Geral de
Trabalhadores, Movimento da
Paz, etc. Havia até mesmo um agitado grupo do Partido Marxista-Leninista da Alemanha. Os slogans de protesto contra a guerra
se misturavam a ataques a Bush, à
Israel e em defesa da Palestina.
"Gosto do povo americano, tenho vários amigos lá, mas não
gosto de Bush. Esta não é uma
manifestação contra os americanos, mas contra a guerra", disse o
arqueólogo Alain Gaulon, 33.
Na França, a manifestação implica apoio à posição do presidente Jacques Chirac com respeito à
guerra, mesmo se a maioria dos
grupos organizadores do protesto
lhe fazem oposição política. Em
países como Reino Unido, Espanha e Itália, os protestos contra a
guerra vão significar também
uma dura oposição aos governos.
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