São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2004

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CRISE

Protesto reúne mais de mil pessoas

Atos contra presidente já mataram 50 no Haiti

DA REDAÇÃO

Mais de mil pessoas marcharam ontem contra o presidente do Haiti, Jean-Bertrand Aristide, na periferia da capital, Porto Príncipe. Gritando slogans contra ele, membros da aliança de oposição conhecida como Plataforma Democrática disseram que não apóiam a violência, mas partilham com os rebeldes que iniciaram há nove dias uma revolta no interior do país o mesmo objetivo -depor o atual presidente.
Os rebeldes iniciaram a rebelião contra Aristide a partir de Gonaives (112 km da capital), quarta maior cidade do país, mas ela já se alastrou por outras dez. Acredita-se que a rebelião, que já deixou ao menos 50 mortos, esteja sendo conduzida por um líder paramilitar que estava escondido na República Dominicana.
Militantes leais a Aristide já haviam esmagado, na última quinta, uma outra manifestação contra o governo, apedrejando os opositores e bloqueando várias ruas.
"Nós ainda estamos lidando com isso por meio de atos não-violentos, mas nosso objetivo é um só", disse Gilbert Leger, advogado e membro da oposição. "Nós, de fato, apoiamos os esforços [dos rebeldes]", disse.
Embora o número de rebeldes seja inferior ao de membros da força policial do Haiti -que chega a 5.000-, líderes paramilitares vivendo no exílio na República Dominicana têm se unido a eles.
Rumores de que a mulher de Aristide, Mildred Trouillot Aristide, tivesse saído do país foram afastados pela imprensa local, que afirmou que ela está nos EUA para um funeral e volta ao país hoje.
O neto da tia de Mildred Trouillot Aristide, que foi ministra de Assuntos Sociais, teria sido seqüestrada na sexta-feira. Desde o início da rebelião, foram relatados três outros casos de seqüestro.
A insatisfação com Aristide, num país de 8 milhões de habitantes, tem crescido desde que seu partido fraudou as eleições legislativas de 2000, levando vários estrangeiros a suspenderem milhões de dólares em doações.
Manifestações contra a corrupção e contra a má administração de Aristide têm ocorrido no país há vários meses, mas a revolta contra seu governo só atingiu o ápice nos últimos nove dias.
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, afirmou, na sexta-feira, que seu país e as outras nações "não irão aceitar nenhuma tentativa de remoção do presidente eleito".


Com agências internacionais


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