|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Base de Morales cede e fecha acordo sobre a nova Carta
Em vitória da oposição, artigos da Constituição serão aprovados por dois terços
Após meio ano de confronto entre governo e opositores, mecanismo para votar leis foi aprovado e o trabalho efetivo pode ser iniciado
David Mercado/Reuters
|
Sessão da Assembléia Constituinte, que funciona em Sucre; acordo alcançado ontem de madrugada encerra impasse de seis meses |
DA REDAÇÃO
Pondo fim a uma disputa que
durou mais de seis meses, os
constituintes bolivianos chegaram ontem a um acordo sobre o
sistema de aprovação dos artigos da nova Carta.
Os parlamentares presentes
à sessão que terminou na madrugada de ontem decidiram,
por maioria de 201 a 46, que as
leis elaboradas pela Assembléia
Constituinte terão de ser aprovadas por maioria qualificada,
de dois terços.
Desde agosto de 2006, quando começaram os trabalhos da
Constituinte, o MAS (Movimento ao Socialismo), partido
do presidente Evo Morales, esteve envolvido em uma queda-de-braço com a oposição, cujo
principal partido é o Podemos
(Poder Democrático e Social),
em torno do sistema de aprovação da nova Carta.
O governo, que ficou com
50,7% das cadeiras da Constituinte na eleição do ano passado, tentava fazer valer um sistema de aprovação de leis por
maioria simples -ou seja, por
50% dos votos mais um- na
elaboração da Carta.
Já a oposição, que saiu vitoriosa com o acordo obtido ontem, defendia os dois terços. Isso significa que agora o governo
terá de negociar para aprovar
as leis que formarão a nova
Constituição boliviana.
A disputa chegou às ruas da
Bolívia no fim do ano passado,
quando simpatizantes da oposição fizeram greve de fome pela aprovação da regra dos dois
terços.
Referendo
O regulamento aprovado ontem pelos parlamentares estabelece também que os artigos
que não obtiverem dois terços
dos votos serão submetidos a
referendo popular.
De acordo com o jornal boliviano "La Razón", oposicionistas e governistas calculam que
cerca de 90% dos artigos da
Constituição serão consensuais, sendo poucos os que devem ser levados a referendo.
A resolução do problema do
dispositivo de aprovação libera
finalmente os constituintes para que comecem o trabalho efetivo em cima do que será a nova
Carta -que, segundo Morales,
"refundará a Bolívia". Mas, com
o tempo que levou esse embate
entre governo e oposição, sobre-lhes agora menos de seis
meses: a Assembléia Constituinte tem até o dia 6 de agosto
deste ano para encerrar suas
atividades.
Segundo o parlamentar Samuel Doria Medina, líder da
UN, partido de centro-direita, o
governo "se deu conta de que
tem de fazer acordos", pois não
elegeu a quantidade de constituintes que queria.
Para o vice-presidente da Assembléia Constituinte, Román
Loaya, do MAS , o "processo de
negociação está encerrado".
Ele disse ainda, segundo o "La
Razón", que a oposição quer
"destruir a Constituinte".
Com agências internacionais
Texto Anterior: Haiti: Onu estende missão por mais oito meses Próximo Texto: Equador: Apesar das ameaças de moratória, dívida externa é paga Índice
|