São Paulo, sábado, 16 de fevereiro de 2008

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Acordo no Quênia exclui dilema da partição do poder

Annan promete solução; texto prevê que comissão com estrangeiros investigue eleições de 2007, que culminaram em onda de violência

Posto de premiê pode ser solução para impasse e para conciliação nacional após conflitos étnicos deixarem mais de mil mortos no país

DA REDAÇÃO

Oposição e governo do Quênia concordaram em realizar uma auditoria independente dos resultados das eleições de dezembro, mas ainda há impasse sobre a divisão de poderes, informou ontem o ex-secretário-geral da ONU e mediador do conflito Kofi Annan.
"O último passo, por mais difícil e assustador, será dado", disse Annan a jornalistas, enquanto divulgava detalhes do acordo fechado na véspera, aludindo à necessidade de um acordo para repartir o poder.
As duas partes se comprometeram a redigir uma nova Constituição dentro de um ano para conter violência desencadeada em dezembro, quando a oposição acusou o governo de fraudar a eleição presidencial.
As negociações continuam nesta segunda, com foco na divisão de poderes. A solução criaria um posto de premiê, a ser entregue à oposição.
"Nós temos apenas uma questão pendente... a estrutura de governo, que está sendo muito discutida. Várias opções foram apresentadas", diz o texto do acordo. Os negociadores deverão agora consultar o presidente, Mwai Kibaki, e o líder da oposição, Raila Odinga.
Annan insistiu que a formação de uma "grande coalizão" é vital para assegurar as reformas na Constituição e a reconciliação dos quenianos, depois da explosão de rivalidades étnicas no pós-eleição.
O acerto prevê que um comitê independente "investigue todos os aspectos da eleição presidencial de 2007". O órgão será composto de especialistas quenianos e estrangeiros. A avaliação será anunciada em até seis meses e seu texto divulgado duas semanas mais tarde.
O acordo também estabelece reforma das leis eleitorais e das instituições, além da criação de uma Comissão de Reconciliação, Justiça e Verdade.
As Nações Unidas e vários países condenaram os episódios de violência, em que mais de mil pessoas foram mortas e 300 mil deixaram suas casas. Antes da crise, o Quênia era tido como um dos países mais estáveis da África e aliado dos EUA na "guerra ao terror" no continente. Washington estuda a instalação no país de um comando militar exclusivo para a região.


Com agências internacionais.


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